Meio Ambiente

Projeto para construção de mirante divide opiniões em Ilhabela

Tamoios News
Divulgação
Divulgação

Projeto de Ruy Othake para construção de mirante no Morro da Cruz, em Ilhabela

Abaixo assinado já reúne mais de 2800 apoiadores; prefeito diz que proposta sairá do papel

 

Por Ricardo Hiar, de Ihabela

O projeto para a construção de um mirante em Ilhabela tem dividido opiniões. Enquanto algumas pessoas acreditam que o local poderá fomentar ainda mais o turismo na cidade, outros consideram o empreendimento como um desrespeito à legislação e um crime contra o paisagismo da cidade. Um abaixo assinado eletrônico já reune mais de 2800 pessoas contra a iniciativa. O prefeito Toninho Colucci (PPS), afirma que o projeto pode passar por adaptações, mas que sairá do papel.

A proposta da prefeitura é construir o mirante no Morro da Cruz, numa área que já foi desapropriada e tornada de utilidade pública pela administração municipal com esse propósito, há cerca de dois anos. O arquiteto Ruy Ohtake, foi contratado para elaborar o projeto. Os valores pagos ao profissional, também foram motivos de questionamentos: R$ 395 mil. 

O prefeito justificou os gastos por duas vertentes: primeiro por ter sido feito por um profissional de renome, que agrega valor ao empreendimento, e também por já incluir todas as etapas do projeto, como a estrutura hidráulica e elétrica. “Esse é um projeto não apenas de um arquiteto, mas de um artista e tem detalhes técnicos que não é qualquer um que faz. É uma proposta ousada, mas que visa apenas promover o turismo em Ilhabela”, comentou.

No abaixo assinado, que será destinado ao Ministério Público para providências, em nome da Sociedade Civil Organizada, é apontado que, sendo produto coletivo, a paisagem predominantemente de Mata Atlântica diferencia Ilhabela da maioria dos municípios. “Alem das justificativas legais e técnicas, esse mega empreendimento de concreto, sem nenhum apelo cultural local e muito menos sustentável, não vai ao encontro às características urbanísticas e culturais de nossa cidade”, diz trecho do documento.

Entre as justificativas que o grupo contrário ao empreendimento destacaram, estão: O projeto desrespeita a Lei Orgânica do município com relação a preservação da paisagem urbana e da altura máxima de edificações, chegando a altura de 25 metros. 

Segundo Colucci, algumas pessoas podem não entender a proposta nesse momento, mas ela tem potencial e agregará ao município. Ele chegou a comparar a situação com a construção de grandes monumentos no Brasil e no mundo. “Quando resolveram construir o Cristo Redentor, muitas pessoas se opuseram. No entanto, o Cristo foi levantado e hoje é um cartão postal não só do Rio, mas do Brasil. Tenho certeza que o mesmo ocorrerá com o mirante em Ilhabela”, comparou.

O tema chegou a ser discutido na Câmara Municipal. No início do mês o vereador Sampaio Júnior (Rede) fez uso da Tribuna da Câmara de Ilhabela para mais uma vez se posicionar contra o projeto do Mirante do Morro da Cruz.

“Estive nessa tribuna da última vez para falar do meu descontentamento, pois existem tantas outras coisas que a população pede para ser feita pela cidade e a gente vê a tentativa de fazer projetos mirabolantes”, afirmou.

Sampaio elencou algumas necessidades da população como saúde, tratamento de esgoto, melhoria em vias públicas, entre outras, que segundo ele, deveriam ser realizadas antes do mirante. “Acho que estamos invertendo os papéis, depois que cumprirmos todas as necessidades do município, projetos como esse podem vir, desde que estejam dentro da lei”, completou.

A empresária Maria Izabel Campos, 33, tem casa em Ilhabela, onde costuma passar fins de semana e feriados. Para ela, investimentos na área do turismo devem ser priorizados. “Acho que seria importante ter um mirante, que é uma opção a mais para a cidade, além das belezas naturais. Se fizerem tudo dentro da lei, acho que pode ser uma boa iniciativa”, completou.

Já o administrador Paulo Dias da Conceição, 55, discorda. Ele está morando há seis meses no arquipélago e não apoia grandes intervenções no meio ambiente. “A cidade tem outras prioridades, que deveriam ter atenção do Poder Público. Colocar um mirante desse tamanho no morro, vai prejudicar nosso meio ambiente. Até visualmente não combina”, completou.

O projeto

O Mirante no Morro da Cruz deverá ter 25 metros de altura, sala administrativa, espaço para área técnica, saguão, cozinha, bar, elevador para portadores de mobilidade reduzida, banheiros e um salão que pode receber simultaneamente 120 pessoas, com vista de norte a sul do arquipélago. A previsão é de que ele receba até mil pessoas por dia.

A construção está orçada em R$ 2,5 milhões. A intenção é que uma licitação seja aberta nos próximos meses e a construção seja entregue ainda neste ano.

Deixe um Comentário

O Tamoios News isenta-se completamente de qualquer responsabilidade sobre os comentários publicados. Os comentários são de inteira responsabilidade do usuário (leitor) que o publica.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.