Iniciativa, que começou em 2011, estimula boas práticas e o aproveitamento do lixo orgânico em São Sebastião
Por Ricardo Hiar, de São Sebastião
Mesclar uma atividade que faz bem para o corpo, para a mente, e que ainda contribui para o meio ambiente e a conscientização sobre a importância da preservação. Essa é a proposta de um projeto desenvolvido desde 2011 no Centro Comunitário da Topolândia. O trabalho foi idealizado pela professora de yoga, Maria Cecília Borges Nogueira, a Ciça.
Segundo ela, que também é professora de educação física e educadora ambiental, a proposta denominada “Yoga Ervas e Temperos”, surgiu com a necessidade de fazer um trabalho mais abrangente durante as aulas de yoga e desenvolver conceitos sensoriais. Ela conta que tudo começou com a implantação de uma pequena horta no terreno do Centro Comunitário, com a participação dos alunos.
“As pessoas pensam que yoga é só colocar a cabeça para baixo e fazer umas posições diferentes. No entanto, é muito mais que isso. A yoga pode incluir aromas, sabores, vestuário, medicina, enfim, inúmeras questões que estão ligadas a questão da energia e da filosofia”, comentou.
Ciça diz que o local que recebeu a horta, antes era um campo de areia, com alguns restos de parque que funcionou no terreno. Por isso, foi realizado o projeto da horta e apresentado para a Secretaria Municipal de Esportes, que administra o espaço. Mesmo com alguns desafios, deu tudo certo e foi possível iniciar a plantação.
Orégano, manjericão, hortelã, cidreira foram algumas das plantas inseridas no canteiro, que também passou a ser um espaço destinado à prática de yoga. Além das aulas, os alunos ainda colaboraram com a manutenção da horta, tanto plantando, quanto limpando o mato quando cresce.
“Essa estrutura hoje faz parte da aula. Uso o local como laboratório e instrumento de meditação ativo. Os alunos além de se exercitarem, entram em estado de tranqüilidade, sentem os aromas, fazem conexão consigo”.
Compostagem
Depois de ir ganhando mais adesões, o projeto “Yoga Ervas e Temperos” recebeu reforços importantes na parceria, conforme define Ciça. Entre esses apoios, está a chegada ao grupo da engenheira florestal e funcionária de carreira da Prefeitura de São Sebastião, Joyce Michelucci.
A partir da integração dela ao projeto, foi possível ampliar o viés sustentável e as práticas ambientais anteriormente idealizadas por Ciça. Entre os avanços que foram realizados, está o início da produção de compostagem. A partir da aplicação de técnicas, a equipe passou a produzir esse adubo, que tem como base a decomposição de materiais orgânicos. Isso deu mais vida à terra do canteiro e ampliou o leque de espécies.
Ciça diz que uma das alunas, a Tatiane Prestes Araujo, dona da empresa Flow Desenvolvimento Sustentável, também vem contribuindo com a iniciativa. Ela conseguiu, por exemplo, que o grupo tivesse algumas palestras com especialistas ambientais, de práticas realizáveis por serem simples, mas que podem causar grande impacto no que diz questão à preservação ambiental.
“Muitas vezes pensamos que é preciso fazer um grande projeto ambiental para contribuir com o planeta, quando na verdade pequenas soluções podem fazer muita diferença. Nós trabalhamos com esse viés de reaproveitar o material orgânico para a compostagem. Isso gera menos lixo, consequentemente, traz uma economia para a cidade. Com isso, podemos esperar o retorno desses recursos por parte do Poder Público em outras áreas sociais”, comentou Ciça.
Para Ciça e Joyce, a medida que a ideia se expandir, esse consumo mais consciente pode trazer diversos benefícios à cidade. “Hoje nós ajudamos a dar o início nesse processo de reaproveitamento. Ensinamos e orientamos sobre a compostagem. Mas depois, os envolvidos dão continuidade ao processo e podem até replicar esses conhecimentos”, completou Joyce.
Atendimento
Atualmente, o projeto de yoga oferece aulas abertas para a comunidade às quartas e sextas-feiras, das 9 às 10h30 e também nas terças e quintas-feiras, das 17h às 20h30. No espaço também são atendidos alunos do Projeto Viração e o Valorizando a Pessoa Idosa.
Além disso, a proposta da compostagem e do reaproveitamento ambiental do lixo orgânico já foi expandido para outros espaços, como escolas da região da Topolândia. Esse é o caso da EM Topolândia e da Escola Estadual Prof. Josepha Santana Neves. Nas duas unidades, os resíduos provenientes da merenda escola já são todos reaproveitados para a compostagem. Ambas mantém hortas de verduras, legumes e temperos.
Conforme explica Joyce, não só os restos de alimentos orgânicos são reaproveitados para a técnica que gera adubo. A serragem e até mesmo restos de podas contribuem para o processo, que não resulta mau cheiro e em cerca de três meses se torna um bom tonificante para a terra e as plantações.
De acordo com estatísticas das responsáveis pela proposta, pelo menos 500 pessoas já atuam diretamente em prol do programa, seja fazendo a separação dos resíduos e doando os restos orgânicos para compostagem, seja na manutenção da horta e a divulgação das informações.
