Presidentes do PT da região e sindicatos ligados à educação marcaram presença no protesto
Por Adriana Coutinho
Enquanto o presidente da República, Michel Temer e o ministro da Justiça, Torquato Jardim, faziam a entrega de títulos do programa de regularização fundiária no Estado de São Paulo, no Teatro Mario Covas, na tarde desta sexta-feira (16), com a presença de autoridades do Litoral Norte e convidados do prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior, do lado de fora, sob um sol escaldante, teve protesto.
Centenas de manifestantes tomaram a Praça Lucinha Mendonça, com faixas e cartazes com dizeres em repúdio ao presidente. Uma das imagens mais marcantes foi em relação à morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco.
Entre os manifestantes, crianças e adultos de caras pintadas, carregavam as faixas e faziam coros contra o presidente. Também estiveram presentes líderes e sindicalistas da área da educação estadual e federal, e presidentes do PT de Caraguatatuba e São Sebastião, entre outros grupos representados.
Maira Ferreira Martins é servidora pública federal e trabalha no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus Caraguatatuba(IFSP). Ela pertence ao Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) que reuniu no protesto, servidores de São José dos Campos, São Paulo, Caraguatatuba e São Sebastião.
“Estamos aqui para mostrar ao prefeito da cidade que não aceitamos receber um presidente ilegitimamente posto onde está, com o intuito de entregar nosso país ao capital estrangeiro, retirar direitos sociais, acabar com a educação e universidades públicas. Um dos maiores motivos que nos trouxe aqui hoje, foi a morte da companheira Mariellle Franco, estando à frente das investigações de violência policial e executada de forma truculenta. Estamos aqui para colocar a imagem da Marielle como exemplo para todas as mulheres, as negras em especial. É um ato de repúdio. Caraguá não compactua com a essa visita e com essa recepção que foi dada a esse sujeito”, afirmou a servidora pública.
Camila Aquino, Relações Públicas e funcionária pública, é presidente do PT de São Sebastião, e conta que veio em nome de todas as mulheres. “A mulher negra é a que mais sofre com exclusão e a pobreza que voltou aos lares. Temer é o representante máximo do ‘Golpe’, é o retrocesso ao avanço que tivemos em 12 anos do governo Petista. Não aceitamos o golpista nesta região”, enfatizou a presidente.
Edna Penha Araújo, professora, representante do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), foi ao protesto ao lado de mais 30 educadores da região. Segundo ela, não há política pública social no governo. “Fora Temer. Não dá para o Brasil suportar essa atrocidade que estamos vivendo em nível de governo federal, com a Reforma Trabalhista, Previdência e a falta de investimentos na Educação colocando as universidades abaixo”.
Para Marcos Nogueira, também da APEOESP e professor em duas escolas de Caraguatatuba, eles estão representando a insatisfação da sociedade como um todo – “Do trabalhador ao seu filho, professores, todos, em geral. Essa é uma política que não nos favorece e somos um sindicato de luta” – apontou.
Cássia Gonçalves, estudante de Serviço Social, formada em Segurança do Trabalho e presidente do PT desde 2015, falou que Caraguatatuba não pode dizer que está recebendo pela primeira vez um presidente, porque ele não é – ‘É ilegítimo, deu golpes nos trabalhadores brasileiros, está entregando todas as nossas riquezas para o capital estrangeiro. Não aceitamos a Intervenção Militar no Rio de Janeiro, que vitimou a companheira negra, vereadora, líder de comunidade, Marielle Franco, morta por esse governo. ‘Somos todas Mariellles’ – A Intervenção tirou a vida de uma, mas não vai acabar com todas. Somos milhares. Não aceitamos Temer como presidente” – afirmou a presidente.
Ao final da cerimônia de entrega dos títulos aos moradores de Caraguatatuba e após a saída do presidente Temer, os manifestantes romperam a barreira, se aproximaram pacificamente do prédio e sentaram-se no gramado, tendo a Polícia Militar ao entorno. Em coro, pediram explicações ao prefeito Aguilar Junior, pelo fato de não ter feito um evento aberto à população para receber o presidente Temer.
Ora, ora! O Presidente da República vem à cidade e apenas uns poucos foram informados.