Fanio de Souza avisa que não irá interromper seu trabalho por causa das acusações de fraude nas eleições
Por Valéria Andrade
“A oposição pode até discordar, mas nossos profissionais sabem que estamos trabalhando para eles, não o inverso”. É com essa frase que o atual provedor, Fanio de Souza Santos, reafirma que permanece no cargo e fala sobre seu trabalho e o da equipe em meio às grandes polêmicas em que sua gestão fez parte.
Já o sócio da Santa Casa, Luiz Carlos Moreira, um integrante da chamada “oposição”, acredita que o provedor deve ser afastado, pois, segundo ele, Fanio não tem preparo e usa de má fé. “O processo de possível afastamento desta provedoria está em fase final, as audiências já foram realizadas e o processo está na mesa do juíz esperando decisão final”, diz Luiz.
Quando tudo começou – A história começa na eleição para provedoria da Santa Casa, onde existiam duas chapas: a que o sócio Luiz Carlos a pertencia e outra em que Fánio fazia parte.
Segundo Moreira, vários sócios foram impedidos de votar sem uma justificativa plausível, apenas era alegado que os nomes não estavam no rol. “Todos os sócios pagantes com a mensalidade em dia foram impedidos de forma grosseira e desrespeitosa”, conta.
Ainda de acordo com ele, o irmão do provedor, Edgar de Souza Santos, ficou na porta impedindo a entrada das pessoas que poderiam votar na chapa adversária (que depois acabou perdendo por um ponto de diferença).
Luiz Carlos entrou na justiça para cancelar não só as eleições da provedoria, como também para todas as assembleias que aconteceram na Santa Casa, pois, de acordo com ele, “não tem legitimidade para fazer assembleias antes da decisão judicial sobre a legalidade das eleições”.
“Já ganhamos cinco liminares cancelando as assembleias em um total de seis. Das assembleias que eles solicitaram, o magistrado só autorizou uma por entender a gravidade das denuncias. E na própria liminar o juiz chama de gestão duvidosa e sem moral a do Fánio”, ressalta.
Para o provedor, os questionamentos da chapa adversária são levianos. Santos ainda conta que as pessoas que foram impedidas de votar não se inscreveram na data certa.
“Outra alegação da oposição é de que foi impedido de votar associados que se inscreveram no dia 04.09.2015, composta por cerca de 30 pessoas, que, de acordo com eles, com certeza votariam na chapa da oposição (o voto é secreto). Ocorre que, de acordo com o estatuto, podem votar e serem votados os associados inscritos no quadro associativo até 180 dias antes das eleições”, defende.
Fánio se defende também da acusação de que não teria deixado algumas pessoas de entrar. De acordo com o provedor, isso ocorreu de fato, mas alega que quem queria entrar não estava devidamente identificado.
“Seria uma irresponsabilidade permitir o acesso livre a qualquer pessoa. Um completo absurdo. Prezamos pela segurança do local e de nossos funcionários”, completa.
O provedor ainda lamenta o ocorrido dizendo que a oposição tentou “a todo custo vencer a partida sem sequer entender a regra do jogo” e que isso seria péssimo para o hospital.
A polêmica do empréstimo – Na internet, viam-se alegações de que se tratava de três milhões e outra vezes o mesmo escondia os valores, mas segundo o provedor isso não era verdade.
Para o provedor, o empréstimo era uma renovação do que foi feito na gestão anterior (e que de acordo com ele, foi quitado) para poder fazer reformas e compras de aparelhos.
“ A assembleia é soberana, o valor desse empréstimo depende única e exclusivamente dos associados em definir quais reformas serão realizadas. Ora, se a Assembleia aceitar reformar apenas o Centro Cirúrgico ou aceitar realizar todas as reformas, os valores serão distintos entre si, motivo pelo qual, é impossível dimensionar ou especificar o valor do empréstimo”, completa Fanio.
Luiz Carlos conta que esse pedido não foi muito bem aceito, nem mesmo por quem está do lado do provedor. Ele ainda questiona, “o Fánio foi questionado em redes sociais, que se as contas da Santa Casa estão em dia, para que pegar os três milhões de empréstimos?”.
O sócio relata que o promotor propôs para que as próximas assembleias sejam no salão do júri no fórum para poder acompanhar de perto.
O hospital – Segundo os dados mais recentes do IBGE, Ubatuba conta com 37 estabelecimentos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um deles é a Santa Casa que atende também no convênio e no particular.
O hospital que foi fundado por volta de 1854, considerado um dos hospitais mais antigos do Estado de São Paulo, já foi palco de alguns escândalos, demissões em massa e reclamações dos usuários.