São Sebastião

Quase dois anos depois, obra da Estação de Tratamento de Esgoto de Maresias é retomada

Tamoios News
Foto: Rafael César

De acordo, com um dos empreiteiros responsável por uma parte da construção, a ETE já estará funcionando em março de 2017

Por Rafael César, de São Sebastião

A obra da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) de Maresias, bairro da Costa Sul de São Sebastião, foi retomada após ficar um ano e seis meses paralisada. O investimento tinha sido cortado por causa da crise híbrida que afetou todo o estado de São Paulo. Diante disso, a verba que seria destinada a conclusão da obra pelo Governo Estado acabou sendo remanejada para o fornecimento de água.

A Sabesp é a concessionária responsável pelos serviços do sistema de esgotamento sanitário do munícipio, no entanto, com a suspensão dos investimentos, o prefeito Ernane Primazzi (PSC) não renovou a concessão da empresa, que já está há quase nove anos atrasada. O intuito do prefeito com essa atitude foi pressionar a empresa a finalizar as obras de saneamento básico não só em Maresias, como em toda a cidade.

Segundo o projeto, a estrutura da ETE, depois de pronta, será capaz de coletar e tratar 245 mil litros de esgoto por hora, com nove estações elevatórias e 30 quilômetros de rede. De acordo com a prefeitura, o valor estimado de investimento é de aproximadamente R$ 21 milhões.

A praia de Maresias é considerada uma das mais badaladas do país, onde nasceu e mora o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Gabriel Medina. O bairro tem aproximadamente oito mil moradores e, de acordo com dados da APHM (Associação de Pousadas e Hotéis de Maresias), a praia recebe aproximadamente 320 mil estadias de turistas por ano. Esse registro não contabiliza estadias em casas alugadas.

O saneamento básico em Maresias é um problema antigo e vem prejudicando os moradores, os turistas, o meio ambiente e também a economia local.

Foto: Rafael César

Morando há quase 30 anos em Maresias, a dona de casa Maria Carmelita dos Santos Leonardo, 68, reclama de ter que pagar limpa fossa rotineiramente, por causa de não ter a ETE funcionando. Ela considera um absurdo o fato de Maresias ser um local turístico e não ter saneamento básico, além de não concordar com a instalação só em algumas ruas e casas.

“Não acredito que essa obra será concluída. Já perdi as esperanças. O cheiro é horrível quando chove muito, existem muitas fossas que desembocam em córregos e os dejetos acabam vindo para a rua em que moro. Acho totalmente errada a atitude da Prefeitura de retomar a obra e não colocar uma placa avisando o valor e quando será terminada. Para mim tem falcatrua aí”, exclamou Dona Carmelita, que mora na Rua Porto Seguro.

Já o zelador Benedito José do Nascimento, 74, mais conhecido como Seu Bené, mantém um pensamento positivo em relação a conclusão da obra. “Só vou ter certeza quando eu ver. Entretanto, desta vez estou colocando fé no término da Estação de Tratamento de Esgoto, pois sempre estou vendo trabalhadores no canteiro de obras e, nos últimos dias os trabalhos têm mostrado uma evolução perceptível”.

O zelador se preocupa com o que irá acontecer com os dejetos que forem para a tratamento e afirma ter que resolver vários problemas na casa do patrão dele em dias de chuva. “Se chove muito sobe um monte de esgoto pelo ralo do banheiro do meu patrão, porque nas ruas não existem vazões para a água e acaba voltando para dentro de casa. Passamos verdadeiro apuros sem a ETE”, concluiu.

Segundo a diretora da Somar (Associação de Moradores da Praia de Maresias), Dirceia Arruda de Oliveira, 80, nem a associação que batalha desde 1998 pelo saneamento básico e pela conclusão da ETE de Maresias, foi notificada ou avisada pela administração sobre a retomada do projeto.

“Já fizemos inúmeros protestos e campanhas para conseguir o saneamento para Maresias e sempre teve desculpas. Agora eles resolveram fazer e não nos dão nem sequer uma satisfação, é um absurdo. Fizemos reuniões com vereadores e com donos de empresas de saneamento básico e nada tinha sido decidido. Quem vai ser responsável, a Sabesp?”, questionou a diretora da associação.

O empreiteiro Adailton Paranaguá César, 46, o Tieta, é responsável por uma parte da obra e garante que tudo estará feito até março. “A minha empresa , Empreiteira Maresias, foi contratada pela Clínica Engenharia para fazer parte da obra e também pela BioCosme, uma empreiteira de Ilhabela. Só falta colocar duas manilhas e cada uma delas possuem capacidade para 70 mil litros, isso equivale a uma base de sete mil residências”.

Tieta afirma que esse estágio da obra será concluída até sexta-feira (23) e que depois outra empresa continuará com o projeto. Ele se diz feliz em participar da construção e garante que a população pode ficar tranquila que dessa vez o saneamento básico vai ser instalado no bairro.

Foto: Rafael César

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