Luiz Fernando Ribeiro tinha 41 anos e era um caiçara de São Sebastião. Bastante conhecido na cidade e muito querido por todos que conviviam com ele. “Butica” como era conhecido, teve sua lancha atropelada por outra embarcação no dia 11 de março deste ano. Após 5 meses do caso em aberto, familiares e amigos tornaram a exigir das autoridades alguma explicação.
Segundo Vitor Mariano, o irmão do Butica, ele saiu para pescar na sexta-feira (11/3), por voltar das 13/14hrs, em um local que gostava e tinha conhecimento, um lugar considerado raso, em torno de 1,5 a 2m de profundidade, aproximadamente entre o Terminal da Petrobras e a torre que fica na altura do Porto Grande e da praia Deserta.
Era costume entre os irmãos que Vitor o ajudasse a colocar o barco na água e naquele dia não foi diferente. Entre alguns compromissos, Vitor ainda avistou o irmão por volta das 15hrs quando passou próximo ao local. Ele nos conta que ainda fez uma ligação para confirmar que era ele, que ainda estava por ali.
Butica confirmou e pediu que Vitor fosse buscá-lo por volta das 18:30hs, pois a pescaria estava rendendo e mais tarde iria sair com os filhos. E combinou que assim que quisesse sair do mar ligaria para chamar o irmão. Porém, por volta das 20hrs a mãe deles se deu conta que o filho ainda não havia retornado da pescaria e imediatamente alertou Vitor.
Vitor relata que ficou desesperado, “pensei que pudesse ter acontecido algum problema no motor do barco e chamei meu vizinho Ricardo, que trabalha na Defesa Civil, também liguei para alguns amigos, pedi uma lancha emprestada e saímos para procurá-lo, por volta das 20/21hrs para tentar achar ele”.
“Quando chegamos na posição que eu tinha visto ele mais cedo, ele não estava, e seguindo orientações do nosso amigo da Defesa Civil procurando mais para frente, uns 300 a 400m, pois ali fica uma base destas embarcações que prestam serviços para navios. Perguntamos para as pessoas se alguém tinha visto o barco dele, disseram que sim, porém um pouco mais cedo, não tinham visto se saíra ou não do mar.” Vitor nos conta que estas mesmas pessoas ainda falaram ter visto um barco resgatado que estava à deriva e levado à praia Preta.
Na esperança de que fosse encontrar o irmão, Vitor fala que ao chegar na praia Preta o barco indicado não era o da família e tampouco havia alguém dentro. Ainda foram atrás da pessoa do tal barco, que coincidentemente era um outro amigo, que teve problemas e foi resgatado em horários muito próximos.
Com o passar das horas, todos começaram a ficar mais preocupados e mais uns 4 barcos de amigos se juntaram ao mar para ajudar a encontrar Butica. Passaram praticamente a madrugada procurando e infelizmente, não o encontraram. Ao amanhecer mais barcos se juntaram às buscas.
Por volta das 10/11hrs do sábado (12/3), o Gbmar resgatou o corpo de Luiz Fernando que apareceu em frente à igreja do Bairro São Francisco. O velório aconteceu no domingo dia 13, em São Sebastião.
Foto: Acervo Pessoal da Família
Inconformado com o desaparecimento da lancha, Vitor chamou novamente alguns amigos e todos retornam ao mar na segunda-feira, 14, para tentar tirar a embarcação da água. Vitor nos conta que voltaram ao local onde ele havia avistado o irmão pescando, jogaram uma âncora e foram puxando pelo fundo, quando sentiram que a âncora engatou em algo, justamente no cabo da âncora da embarcação que Butica estava utilizando no dia do acidente.
Quem mergulhou e finalmente encontrou a lancha foi o próprio irmão, o Vitor, “quando eu olhei, a embarcação estava toda destruída” ele nos conta com muita tristeza. A indignação do irmão de Butica, bem como de todos os familiares e amigos, é justamente pelo ponto de pesca aonde Luiz Fernando se encontrava.
Vitor complementa “a investigação está muito devagar, se o acidente tivesse sido atrás da ilha, ou em algum ponto extremo que não tivesse câmeras e não tenha muita gente, realmente ia ficar bem difícil de saber qual embarcação procurar, mas não, a embarcação passou perto do terminal da Petrobras, onde tem muitas câmeras e inclusive pegou a imagem, e agora nos resta aguardar estas investigações para ver se chegamos o mais rápido possível ao culpado”.
Polícia Civil
O delegado seccional dr. José Vinciprova Sobrinho informou que “O caso está em investigação. A família já foi várias vezes à delegacia e tem conhecimento do empenho da Polícia Civil. Inúmeras ações foram realizadas. Tem outras em andamento. O caso está “aberto” buscando o causador do trágico acidente e não esquecido.”
Questionado sobre um possível vídeo de uma embarcação, a qual poderia ter sido a responsável pelo acidente. O Delegado responde e complementa: “Tem várias imagens captadas, mas de baixa resolução. Estamos montando um “quebra-cabeça”. Não podemos no momento fazer esta afirmativa. Acredito que em breve teremos novidades e todos serão informados.”
Marinha do Brasil
O Capitão de Fragata André Luiz Abreu Castelo informou que as investigações são para inquérito administrativo, para prevenção e evitar que outros acidentes como esse ocorram novamente. “O processo ainda está em investigação e qualquer informação passaremos tempestivamente.”
Vereador
Em sessão realizada na Câmara Municipal de São Sebastião na semana passada (16/8), o Vereador Wagner Teixeira também relembrou o caso, cobrando das autoridades locais uma posição: “O assassinato do Butica precisa ser investigado a fundo, pois tem algo muito estranho neste caso. Os órgãos competentes precisam desvendar esse crime e dar o mínimo de paz para a família Mariano. A justiça precisa ser feita e eu não vou descansar até que tenhamos respostas. Quem matou o Butica?”
Butica era nascido e criado em São Sebastião, acostumado com a vida ao mar, já havia inclusive trabalhado na balsa e na Prefeitura da cidade. No dia do acidente, autoridades locais demonstraram comoção e solidariedade, porém, com o passar dos meses, a família afirma que o empenho nas buscas parece ter sido esquecida.
Por Daniele Murillo /Redação Tamoios News
