O pré-candidato do PP, que foi apontado como o candidato de Ernane (PSC) à sucessão da Prefeitura de São Sebastião; muitas pessoas foram pegas de supresa na manhã deste sábado com a notícia
Por Ricardo Hiar, de São Sebastião
O pré-candidato à prefeito de São Sebastião, Wagner Teixeira (PP) e o atual prefeito Ernane Primazzi (PSC), anunciaram na manhã desde sábado (30) o rompimento de uma aliança política para as eleições municipais de 2016, confirmada há cerca de dez dias. Wagner seria o candidato a sucessão, mas um entrave que teria ocorrido na sexta-feira (29), terminou com a divisão dos grupos.
Segundo ele, o PP agora só mantém aliança com o PHS, que até então mantinha o nome de Angelo Neto como pré-candidato a prefeito. Neto não apareceu na convenção. Já o PSC de Ernane, ficou coligado com outras dez legendas. Ele diz que o grupo vai se reunir nos próximos dias para escolher uma nova chapa.
As mudanças no cenário pegaram muitas pessoas de surpresa neste sábado, quando seriam realizadas as convenções de todos os partidos coligados. Vários correligionários só souberam da mudança quando chegaram à sede da Câmara, local marcado para os encontros. As divisões e diminuição do público também foram pontos que ficaram visíveis para quem esteve no legislativo. Não havia, por exemplo, participação de funcionários comissionados da prefeitura, que até então estavam acompanhando os encontros.
Por volta das 10h, horário previsto para início, apenas ocorreram movimentações entre os agentes políticos, além de algumas conversas às portas fechadas. Uma hora mais tarde, Wagner Teixeira recebeu a imprensa para falar sobre sua decisão de deixar o grupo de Ernane.
Durante a coletiva, ainda com a imprensa na sala da presidência do legislativo, Teixeira foi orientado a dar início à convenção do PP e PHS, visto que o Ernane e seus apoiadores estavam na sede do Legislativo e também precisariam utilizar o espaço para suas convenções.
Houve certo tumulto na troca de salas, mas nada que saísse do controle. O prefeito Ernane também recebeu a imprensa momentos depois e disse que foi pego de surpresa com esse rompimento.
Enquanto Teixeira alegou como motivo de sua saída o fato do prefeito em exercício ter imposto o nome de Sérgio Félix como vice (o que não teria sido aceito por ele), Primazzi diz desconhecer as razões. Ele ainda nega qualquer imposição e afirma que o candidato do PP não quis negociar e participar da escolha de quem faria a dobradinha. Nos bastidores, há quem diga que essas mudanças podem representar mais uma estratégia eleitoral, já que o anúncio da aliança com o partido da situação teria causado rejeição à pré-candidatura de Teixeira.
“Tiro um peso enorme das costas de ingratidão, pois fui traído”, diz Wagner sobre mudanças
O pré-candidato Wagner Teixeira fez um discurso inflamado ao abrir a convenção do partido. Cerca de 300 pessoas acompanharam as discussões da legenda, que deixou o plenário lotado. Alguns tiveram que acompanhar as discussões do pátio interno do Legislativo e da rua paralela ao prédio da Câmara. O encontro começou com duas horas de atraso, por volta das 12h. O pré-candidato explicou aos presentes sobre suas motivações para deixar o grupo de Primazzi e recebeu apoio da plateia, que interferiu sua fala por diversas vezes com aplausos.
“Tirei um peso enorme das costas, de ingratidão. Fui traído, mas não vão tirar a realização desse nosso sonho de ser prefeito, de ter uma cidade melhor. Estou mais leve e feliz. Se tiver que sair só com nós e o PHS, nós iremos”, completou.
O deputado estadual e líder do PP, Antonio Assunção de Olim, o Dr. Olim, acompanhou o encontro e confirmou apoio da estadual à Teixeira. “Fiz questão de vir aqui apoiar o Wagner. Infelizmente política é assim, mas ele já pode contar com a gente”, afirmou.
Durante coletiva de imprensa, porém, Wagner foi mais enfático ao dizer que os problemas com Primazzi não são recentes. Ele lembrou que foi vice do atual prefeito na primeira gestão, mas que na época da reeleição, quando apresentou problemas jurídicos para sair na dobradinha, não foi consultado sobre quem assumiria seu posto. “Ele acabou escolhendo o Aldo, que é meu irmão, parceiro e apoiei, porém, em nenhum momento fui consultado. Só soube quando a decisão já estava tomada. Agora ele estava fazendo a mesma coisa para definir meu vice”, contou.
Além disso, ele explica que ficou definido por Ernane, que Wagner Teixeira seria o candidato apoiado pela administração. “Achei que seria naturalmente o candidato indicado por Ernane, porque ele disse isso numa reunião na época da reeleição. Mas as ações dele nesse meio tempo mostraram o contrario”, disse.
O pré-candidato afirmou que demorou um mês para ser nomeado na segunda gestão como secretário de governo e que resolveu ficar apenas um ano porque o momento político não era bom. Ele diz que via algumas coisas nas ruas e pedia a atenção do prefeito, mas não era ouvido. Então continuou amigo do Ernane, mas não diretamente no grupo. Segundo Wagner, um ponto que sempre trouxe muita dor de cabeça é o hospital da Costa Sul. “Moro na frente daquele hospital, que está em obras desde o primeiro mandato. As pessoas me cobram, porque eu subi duas vezes no palanque dele, mas não tenho mais o que dizer. Isso me entristeceu muito e cheguei a pensar em deixar a política”, explicou. Conforme contou, o apoio e pedido de amigos foi a motivação para voltar atrás.
Quinze dias antes de anunciar o nome de Wagner como seu candidato à sucessão, ele diz que estava avançando com outras negociações e chegou a fechar com Paulo Henrique Santana, o PH, para vice, compondo com outros partidos. Isso não teria sido aceito por Ernane, que ficou de indicar o vice posteriormente.
Para Wagner, o problema é que até a sexta-feira, um dia antes da convenção, esse nome não era revelado para ele próprio, apesar de muitas pessoas dizerem que Ernane estaria trabalhando para colocar Sérgio Félix como vice. Por volta das 20h de sexta, eles se encontraram e deram fim à parceria. “O Ernane disse que ou eu aceitava o Sérgio Félix como vice, ou não teria nada. Preferi o nada. Quero um vice que agregue, que trabalhe com o mesmo projeto que a gente. Não alguém que nunca nem sentou para uma conversa comigo”, concluiu.
Agora o PP e o PHS afirmam que vão em busca de novas coligações e discutirão esta semana o nome para compor chapa com Wagner Teixeira. A ata da convenção segue aberta, sendo definidos apenas os candidatos a vereador. Eles têm até dia 5 de agosto para decidir como irão disputar o pleito de outubro.
“Desejo boa sorte a elas, mas menos que a nossa”, diz Ernane sobre saída de Wagner
O prefeito Ernane Primazzi também participou das convenções do PSC neste sábado e falou sobre a saída de Wagner Teixeira do grupo. Ele diz desconhecer os motivos e negou que tenha obrigado Teixeira a aceitar o nome de Sérgio Felix, que integrou sua gestão durante os dois mandatos.
Primazzi contou que nem escolheu nome algum a princípio, deixando claro que todos os interessados em concorrer às eleições deveriam ir para as ruas, reforçarem seus nomes, para então ter uma definição de quem seria o apoiado para a sucessão.
Ele conta que o processo caminhou para o apoio do Wagner, que vinha participando dos encontros com a liderança e os alinhamentos das estratégias. Apesar disso, numa reunião na sexta a noite, Wagner teria se recusado a aceitar as possibilidades apontadas pela coligação. “Ele não quis discutir os nomes. Só falou que não aceitava de jeito nenhum e, em dado momento, falou que estava fora. Nós tentamos até falar com ele depois, mas ele disse que não ia voltar atrás”.
Segundo comentou o prefeito, Wagner já teria até buscado outros apoios na mesma noite, como do pré-candidato Juan Garcia.
O grupo de Ernane está alinhado com os partidos PRP, PTC, Pros, PPL, PTB, PRTB, PTdoB, PMB, PRB, DEM, PDT, PEN e PTN, que promoverão as convenções até a próxima quarta-feira. O prefeito diz que vai conversar com todos os partidários que se colocaram à disposição para enfrentarem a eleição para majoritário e que tem até o dia 5 para definir o candidato à prefeito e vice.
No entanto, ele diz que nesse momento o grupo está focando no trabalho com os vereadores, que ele considera mais importante. “O pessoal se preocupa com o majoritário, mas as eleições dos vereadores é até mais importante e precisa de atenção”, completou.
Ele diz que o grupo está trabalhando para eleger entre três e quatro vereadores em outubro. Sobre ter que lançar um candidato de última hora com a saída de Wagner, ele ironizou “Aqui é Corinthians. A gente marca gol aos 48 do segundo tempo, vamos trabalhar para isso. Acreditamos que é possível”, finalizou.
O prefeito ainda afirmou que nesse momento será um divisor de águas. Ele negou que haverá perseguições na prefeitura, mas que as pessoas que ocupam cargos de confiança e que se não seguirem as definições do grupo, serão exonerados. “Não há sentido em manter em cargos de confianças as pessoas que não estão com a administração”, disse.