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Roqueiros falam sobre dificuldades no cenário musical da região

Tamoios News
Divulgação
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Banda Tomcats, de Ilhabela, uma das representantes do cenário musical do litoral norte

No Dia Mundial do Rock, músicos dão sugestões do que pode ser feito para mudar a situação

Thereza Felipelli

Hoje, 13 de julho, é comemorado no Brasil o Dia Mundial do Rock, e o Tamoios News resolveu entrevistar músicos de diversas bandas das quatro cidades da região para que comentassem sobre as dificuldades enfrentadas no cenário musical do litoral paulistano. Muitos também deram sugestões de medidas que podem ser tomadas para mudar essa situação.

No Litoral Norte, a data foi comemorada por muitos amantes do rock somente em Barra do Una, Costa Sul de São Sebastião, durante a 12ª edição do Dia Mundial do Rock, realizada no último sábado.

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Segundo um dos organizadores do evento, Silvão Braz, a cena “rocker” no litoral ainda é muito carente devido à falta de locais voltados ao estilo. “Por isso muitas bandas de ótima qualidade ficam tendo como opções os poucos festivais ou festas da galera, que não acontecem sempre”, comentou Braz. “Hoje já temos muitas bandas com boa aceitação e algumas inclusive ganhando reconhecimento Brasil afora. Nesses 12 anos de evento, já tivemos uma mostra bem ampla de todo esse trabalho com as inúmeras bandas que passaram pelo palco”, continuou o produtor cultural, que acredita que, em São Sebastião, a situação pode melhorar um pouco, afinal o Conselho de Cultura já está em atividade, se organizando para poder se enquadrar no Sistema Nacional de Cultura, que poderá dar apoio para que não só o rock, como toda manifestação artística no município, possa ter um fomento melhor.

“Falta incentivo!”

De Barequeçaba, Carolina Lopes, vocalista da Sapiens Demens, acredita que o Dia Mundial do Rock, em Barra do Una, está começando a ser um espaço com bandas sendo privilegiadas, inclusive ganhando cachê. “Acho que o Poder Público poderia incentivar mais as bandas de rock daqui. No centro da cidade tem um monte de bandas novas. Poderiam rolar concursos para incentivar a galera, o único incentivo que temos mesmo é o gosto pela música”, completou.

De Ubatuba, Julio Candinho, vocal e guitarrista da banda Overdose Nuclear (Trash Metal), também acredita que a cena do litoral norte paulista infelizmente é muito pequena, com poucos eventos de maior porte e poucos bares do gênero, restritos a alguns segmentos do rock. “Temos esperanças que daqui alguns anos a quantidade de bandas, festivais e locais para apresentação aumentem, com um trabalho duro dos produtores culturais regionais, em conjunto com as bandas, pois o público existe e anseia por esse momento”, disse.

O vocalista da banda Complexo B, Davidson “Tufão”, de Ubatuba, sente que nem o Poder Público, nem as empresas privadas, ajudam ou incentivam as bandas. “Dou crédito para as bandas que independentemente conseguem conquistar algo. Para melhorar isso, as bandas independentes deveriam criar associações municipais de músicos. Devíamos criar uma associação regional também para discutirmos juntos soluções e organizarmos as coisas”.

Preconceito

“Mesmo depois de Beatles, Stones, Kiss e Iron Maiden, ainda há muito preconceito perante o público e instituições públicas e privadas. Uns dizem que rock é satanismo; outros que é puro fogo de palha, beirando a marginalização”, comentou o músico Rick Capellano, de Caraguá, que lembra que o apoio da OMB (Ordem dos Músicos do Brasil) é inexistente. “A meu ver, uma cooperativa musical e a união entre os músicos é a saída para que não só o rock como outros estilos sejam mais bem aceitos”.

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Em Ilhabela, segundo o vocalista da famosa TomCats (“Banda do Inglês”), John Crellin, uma das maiores dificuldades é o preconceito mesmo. “Muita gente acha que roqueiro é bêbado, drogado, violento, acham que rock tem músicas ‘pesadas’, que não tem baladas, que não dá pra dançar rock, que mulher não pode cantar rock, que não dá pra contratar banda de rock para evento público ou evento ‘de família'”, reclamou.

A AulaWaga, de São Sebastião, já tem dez anos de animação e os músicos tocam por “lazer”, segundo o vocalista Gleivison Gaspar. “A nossa maior dificuldade é a estrutura de som, palco e luz, nesse ponto a Secretaria de Turismo deixa os músicos locais ainda mais órfãos. Não há um canal, nem boa vontade, então, muitas bandas desanimam e desistem”, lamentou.

Para o vocalista e violonista da banda Surya (Deus do Fogo, em indiano), Guilherme Martins (o Zazu), de Ilhabela, as maiores barreiras são a falta de incentivo, a variedade de estilos musicais e a divulgação deficiente. “Se as prefeituras organizassem mais eventos com bandas da região dariam grande oportunidade de divulgação para nós”, disse.

CENA

Instalada em Caraguatatuba, a CENA Produções, produtora independente de eventos musicais, atua nas quatro cidades abrindo espaço para todas as bandas mostrarem seu trabalho e crescerem na cena musical. Conheça: www.facebook.com/CENAProductions

Comemoração somente no Brasil

Apesar de se chamar “Dia Mundial do Rock”, a data só é comemorada no Brasil. Ela começou a ser celebrada em meados dos anos 1990, quando duas rádios paulistanas especializadas em rock – 89 FM e 97 FM – começaram a mencionar a data em sua programação. A celebração foi amplamente aceita pelos ouvintes e, em poucos anos, passou a ser popular em todo o país. Entretanto, essa data é completamente ignorada em todo o resto do mundo.

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