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São Sebastião terá operação inédita no país de resgate de navio avariado

Tamoios News
Navio Chipol Taihu que será transportado em cima de outro. Foto: Rogério Cordeiro

Será realizada, em São Sebastião, uma operação pioneira no país de resgate de um navio com avaria nos motores. Um navio de cargas com problemas em sua praça de máquinas está sendo rebocado do Rio Grande do Sul até a costa de São Sebastião, onde será colocado sobre outra embarcação e levado até a China para manutenção.  A empresa Wilson Sons é quem cuida dos tramites legais da operação

Por Salim Burihan

Um navio de cargas gerais Chipol Taihu, de bandeira de Hong Kong, está sendo rebocado até São Sebastião, onde será colocado em cima de um outro navio para ser levado até a China. O navio teve problemas em sua praça de máquinas e o conserto só poderá ser feito em um estaleiro da empresa, dona da embarcação, em Hong Kong.

A operação, inédita no país, será realizada entre os dias 17 e 21 deste mês, em São Sebastião, por causa da profundidade do calado que existe na costa sebastianense. Os tramites legais para a sua execução estão sendo feitos pela empresa Wilson Sons. Os custos da operação não foram divulgados.

O navio, que mede 188 metros de comprimento por 28 de largura, sofreu uma pane no Rio Grande do Sul e será levado para Hong Kong em cima de um outro navio, o Xin Guang Hua, também chinês, que é utilizado no transportes de plataforma marítimas ou resgate de embarcações.

O Chipol Taihu é destinado ao transporte de vários gêneros de carga, geralmente em pequenos lotes – sacarias, veículos encaixotados, bobinas de papel, vergalhões, barris, etc. Possui abertura retangular no convés principal cobertas de carga, chamadas escotilhas de carga, por onde a carga é embarcada para ser estivada nas cobertas e porões.

Navio sub-subirmesivel Xin Guang Hua vai fazer o transporte da embarcação

O navio que irá transportar o Chipol Taihu, será um navio sub-subermesivel, o navio Xin Guang Hua, também de bandeira de Hong Kong. O navio semi-submersível do tipo heavy lift é o único navio capaz de carregar, transportar e descarregar cargas muito pesadas como outros navios, plataformas, submarinos, refinarias e guindastes.

Este é o único tipo de navio que pode ser utilizado para resgatar embarcações avariadas que estão impossibilitadas de navegar. O Heavy Lift SS vai até o local onde se encontra o navio avariado, e com a ajuda de rebocadores é feita a operação de carregamento.

O navio Xin Guang Hua, com 255 metros de comprimento e de 68 de largura, foi construído pela Guangzhou Shipyard International Company. Ele foi entregue na cidade meridional de Guangzhou à Cosco Shipping Specialized Carriers Co. Ltd, empresa do Grupo de Transporte Marítimo da China, em 2009.

Os navios semi-submersíveis são principalmente usados para transportar cargas grandes tais como plataformas marítimas, podendo também ser usados em missões de resgate.

A Cosco Shipping Specialized Carriers tem oito navios semi-submersíveis, com capacidade de carga variando entre 20 e 100 mil toneladas.

Operação

Veja como será feita a operação. Ilustração da UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

As operações de carregamento e descarregamento são feitas com o auxílio do sistema de lastreamento/deslastreamento do navio: inicialmente os seus tanques são lastrados através de uma seqüência estudada e pré-determinada.

Em seguida, com o seu convés totalmente submerso a uma altura suficientemente baixa para que não ocorra acidente com a embarcação e a carga, o carregamento a ser transportado é movido para cima do heavy lift com o auxílio de rebocadores e mergulhadores.

A última etapa do processo acontece de forma inversa à primeira. Neste caso os tanques são deslastrados, também de forma planejada, e o navio é emergido; conseqüentemente, a embarcação a ser transportada fica posicionada acima do convés.

Um momento crítico do carregamento acontece quando a carga está sendo içada e está no limite de sair completamente d’água. O calado da carga vai diminuindo enquanto o navio de transporte está sendo deslastrado.

A estabilidade da carga fica comprometida à medida que seu calado diminui até que atinge um ponto onde existe uma tendência de emborcar. Para evitar essa tendência de emborcamento da carga é necessário projetar um picadeiro suficientemente alto de forma que a carga fique totalmente assentada antes de atingir este ponto critico.

Neste tipo de operação de carregamento a plataforma (ou navio) sofre movimentos que não sofreria se estivesse docada em terra firme. O picadeiro não deve ser rígido demais para não transmitir os movimentos para o Heavy Lift SS e nem muito flexível para que carga não deslizes pelo convés ou seja derrubada. Para cada carga, é preciso fazer um estudo específico sobre o picadeiro que será utilizado.

O alto risco do reboque reflete diretamente no valor do seguro, que fica em torno de 1 a 7,5 % da carga rebocada. O transporte “seco”, realizado pelos navios Heavy Lift é muito mais seguros pois a carga não fica exposta diretamente a influencia do oceano.

O seguro neste caso é bastante reduzido quando comparado ao reboque e pode chegar a 0,20% do valor da carga. Esta diferença é bastante significativa quando falamos de cargas como plataformas, plantas de produção e outros navios.

Muitas são as vantagens do Heavy Lift SS no caso do transporte de embarcações avariadas: usando-se heavy lift torna-se mais seguro visto que a embarcação não sofre, diretamente, influência do oceano. Com informações da UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro).