
Sistema não suportou a força da água e em vez de facilitar passagem da água, tem criado bloqueios
Ação, realizada em julho do ano passado, custou cerca de R$ 140 mil; sistema que pretendia drenar a água, chega a causar barragem e pontos de alagamento
Por Ricardo Hiar, de São Sebastião
Uma obra contratada pela prefeitura de São Sebastião e realizada pela empresa Port Supply – Agência Marítima e Offshore Ltda-ME, já está parcialmente destruída cerca de seis meses depois e tem gerado transtornos a moradores e frequentadores do bairro Barequeçada. Trata-se da canalização de um córrego, que fica na rua Evaristo da Veiga. A obra foi iniciada em julho de 2015 e orçada em R$ 140.306,18.
O que na época foi divulgado como uma alternativa viável e diferenciada para resolver problemas de falta de vazão de águas pluviais no bairro, principalmente em períodos de chuva, tem gerado em várias ocasiões, o objetivo inverso.
Isso porque na canalização do córrego, que tem 300 metros de extensão e 2,5 metros de largura, foram utilizados três mil sacos de solo-cimento (uma mistura de terra, argila e cimento ensacados). O problema é que, com a força das águas que passam no local e que tem ligação direta com a praia, muitos sacos já foram destruídos e arrastados para dentro da vala, gerando barreiras e causando mais dificuldade de vazão para a água.
Também na ocasião da obra, a prefeitura justificou a escolha do método por se tratar de um material alternativo de baixo custo. “O solo-cimento é uma massa compactada que endurece com o tempo e, em poucos dias, ganha consistência e durabilidade suficientes para diversas aplicações na construção civil como paredes, pisos e até muros de arrimo. O solo-cimento é uma evolução de técnicas de construção do passado como o adobe e a taipa”, apontou notícia divulgada pela assessoria de imprensa.
A dona de casa Maria do Carmos Dias, 55, é moradora do bairro e reclama da situação. “É um absurdo o que fizeram aqui. Só gastaram e não resolveram nada. Esses sacos estão soltando e tem hora que a água transborda do mesmo jeito”, explicou.
A turista Marcela Couto, 33, também não gostou do que encontrou em suas últimas estadias no bairro. “Esse material está se espalhando e sendo arrastado para a praia. Quando chove, está difícil passar pelas ruas. Temos casa aqui e frequentamos essa praia há anos. As ruas estão todas esburacadas e sem manutenção e achei que ficou até pior depois dessa obra, que foi um descaso e um dinheiro mal gasto”, completou.
Questionada sobre os problemas atuais, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que a empresa responsável pela obra foi acionada e já está trabalhando no local. Segundo explicou em nota, a verba, pouco mais de R$ 100 mil, proveniente de emenda estadual, foi destinada exclusivamente para canalização do córrego. A prefeitura acredita, conforme condições climáticas, que nas próximas semanas o local estará desobstruído e operando normalmente.