Ubatuba

Sem escola e posto de saúde, bairro de Ubatuba recebe placas de sinalização que custaram R$ 96 mil

Tamoios News
Foto: Raell Nunes

Moradores reclamam de precariedades na região; Estado informou que não haverá mais nenhuma obra de infraestrutura no Casanga

Por Raell Nunes, de Ubatuba

Em uma comunidade que não tem posto de saúde, escola, asfalto, mercado ou padaria, o Estado de São Paulo, decidiu fazer uma “implantação de turismo” (colocação de placas de sinalização) no bairro do Casanga, no valor de R$ 96.917,27. A despesa foi autorizada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A maioria da população do bairro sobrevive com recursos dos artesanatos fabricados pelos próprios moradores. Não é a toa que a região ficou conhecida como “rota de artesãos”. Entretanto, para ir ao posto de saúde ou para os jovens frequentarem a escola é preciso se deslocar para os bairros mais próximos, como Taquaral ou Perequê-Açu.

Outra problemática é a falta de recapeamento das vias, que também incomoda aos munícipes. Há uma grande estrada de barro que corta o centro do bairro e um morro com cerca de 700 metros para dificultar o acesso dos residentes às suas casas. Existe também falta de saneamento básico e residências em condições precárias em relação à estrutura.

Moradores

“Colocaram só placas e foi um investimento alto. O problema é que a rua está toda esburacada ainda. O pessoal do bairro está bravo e com razão. Eles nunca arrumam a rua. Eles [o governo] passam a máquina aqui só em época de eleição. Mas fora dessa época é só tristeza. Não dá nem para passar de moto aqui”, disse o morador Wesley Alvin, 23.

Luciana Cardoso, 34, acorda às 6h para ajudar seu marido a fazer artesanatos e levar o seu filho, Alexandre Cardozo à escola, às 7h, no Taquaral. Ela coloca o garoto na garupa da bicicleta, para subir e descer o morro de segunda a sexta, objetivando que o garoto de dez anos tenha uma educação.

“Aqui só tem dois bares, mas só vende cachaça e cigarro. Se quero ir ao mercado tenho que descer e subir morro. E quando alguém em casa fica doente é a mesma coisa. Moro aqui desde que nasci. Já me acostumei com isso, mas cansa. Ninguém lembra de nós”, relata a moradora.

Estado

Segundo o Estado, as obras começaram há duas semanas e será paga em duas parcelas, uma de R$ 9.691,73 (paga em 31 de maio 2016) e outra no valor de R$ 87.225,54 (em haver). A placa instalada no início do Casanga informa o total de 95.500,00.

Conforme aponta, o objeto será a Instalação de placas de sinalização viária regulamentadas pelo Contran, compostas de placas de regulamentação e de advertência, instaladas ao longo da estrada do Casanga, entre os entroncamentos desta com a rodovia BR-101, na extensão de 6.600m.

De acordo com o Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), serão colocadas, num prazo de 450 dias, 50 placas de velocidade permitida, dez placas de declive acentuado, nove placas de aclive acentuado, duas placas de ponte estreita, duas placas de crianças na pista, dois totens de sinalização turística – instalados nos entroncamentos da estrada da Casanga com a Rodovia BR-101.

No entanto, a placa de informação da obra colocada pelo próprio Estado diz que as obras se iniciariam em 18 de julho de 2016 e terminariam num prazo de três meses. Ainda segundo o DADE, o Estado não pretende fazer nenhuma outra reforma de infraestrutura no bairro do Casanga.

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