Evento reuniu cerca de 200 alunos de capoeira, contato-total e dança de 12 grupos da região. Todos fazem trabalho voluntário e visam atender crianças carentes da cidade
Por Rafael César, de São Sebastião
O 6o Encontro de Amigos do Esporte ocorreu no sábado (18), na academia do Mestre Macaco, em Boiçucanga (Costa Sul de São Sebastião). O evento, que estava previsto para acontecer no CRAS (Centro de Referência a Assistência Social) do bairro teve que mudar de endereço, por que o local não foi cedido pelo Poder Público. O encontro já tinha sido realizado no CRAS em outras ocasiões.
“É difícil ter que realizar esse evento em um lugar que possui pouco espaço e que os vizinhos reclamam, mas temos que fazer a alegria dos jovens, apesar de estar um pouco abalada já. O pior é que a prefeitura me avisou em cima da hora. Eu ainda tentei ver se eles não me cediam uma escola ou uma quadra para fazer o encontro, entretanto, alegaram que estava havendo formatura em todas”, disse o treinador Jadson Alberto da Silva, mais conhecido como Mestre Pantera Negra.
Para ele, a capoeira está sendo banida das escolas e locais públicos. “Fico muito triste em ver isso acontecendo, pois estou na capoeira a 20 anos e posso garantir que ela mudou a minha vida. Tínhamos informado sobre o encontro com antecedência e eles avisam de última hora que o prédio não era de responsabilidade deles. Queria ver mais apoio para esses jovens conquistarem disciplina, um emprego e projetos na vida através da capoeira”, questionou.
O evento reuniu cerca de 200 alunos de capoeira, contato-total e dança de 12 grupos da região. Todos os integrantes fazem trabalho voluntário e visam atender crianças carentes da cidade. A iniciativa busca unir os diversos estilos de artes marciais e danças para atrair crianças e adolescentes a pratica desses ritmos e lutas.
Fazem parte do evento equipes de Boiçucanga, Cambury, Maresias, Toque-Toque Pequeno, São Francisco, Barequeçaba, Topolândia e até grupos de Ilhabela. Os professores distribuem prêmios para os alunos que são aniversariantes no mês do encontro e fazem uma confraternização no fim das apresentações dos jovens.
Participaram do encontro ainda o Projeto Ativo, Instituto Jogo e Ginga, Quilombo dos Palmares, Ginga e Atitude, Capoeiragem Baiana, Lobo Guará, Filhos de Palmares, Companhia do Litoral, Contato-Total, entre outros. Os grupos receberam ajuda de comerciantes e doações dos próprios Mestres para se manterem e organizar o encontro.
“Faço questão de colaborar com o projeto dos meninos, pois só tem a acrescentar para nossos jovens que são o futuro do nosso município. Me interessei em ajudar e agora também sou um aluno, quero acompanhar esse trabalho e fazer parte dele de todas as formas”, completou um comerciante que preferiu não se identificar.
O pequeno Douglas Matheus de Jesus Santos, 11, conhecido como Coca-Cola, está praticando capoeira há seis meses e participou de todos os últimos encontros. “Fico contando os dias do mês para chegar o evento, é muito legal. A academia até que é boa para jogar, mas o outro espaço era melhor. Tenho a garantia mesmo assim que vou me divertir, por que sempre os mestres dão um show na roda de capoeira e eu também né!”, concluiu o garoto.