As primeiras regatas da 48ª edição da Semana Internacional de Vela de Ilhabela começaram neste domingo (25) com 81 barcos na raia divididos em oito classes. O maior evento da modalidade da América Latina foi retomado após o adiamento da competição de 2020 em função do aumento do número de casos de COVID-19.
Para brindar esse reencontro de Ilhabela (SP) com sua maior prova, a organização aproximou a regata da ilha com uma boia na Praia do Perequê. A população local saudou a passagem dos barcos rumo à Alcatrazes e teve como presente também o calor de quase 30 graus fora de época.
Como manda a tradição, a Semana de Vela de Ilhabela largou às 12h15 para a Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil, percurso de 55 milhas contornando o arquipélago do litoral norte de São Paulo.
A competição conta ainda com as regatas Ilha de Toque-Toque, de 25 milhas náuticas, e a Renato Frankenthal, de 10 milhas náuticas. Antes do tiro de largada, os mais de 80 barcos fizeram o desfile na frente do píer da Vila e de outros pontos do centro histórico de Ilhabela.
Com ventos fracos de 8 nós, os veleiros mais rápidos começaram a se livrar das dificuldades apresentadas no canal de São Sebastião e principalmente o vento contra com destino a Alcatrazes.
”Lavou a alma, depois de dois anos sem Semana de Vela de Ilhabela, foi um dia maravilhoso, uma regata linda! Realmente muito 10. Todos ficaram emocionados com a realização do evento dentro dos barcos e em Ilhabela, onde muita gente conseguiu ver as regatas e nos ver no desfile. O evento começou pra valer”, disse Mauro Dottori, organizador da Semana de Vela de Ilhabela .
O primeiro a cruzar a nova boia da Praia do Perequê ainda nas primeiras milhas da regata foi o novo Soto40 King, seguido pelo Rudá. A Semana Internacional de Vela de Ilhabela conta com 25% de barcos estreantes nessa edição.
Já na chegada em Alcatrazes, o primeiro a montar a ilha foi o moderno Phoenix, novo projeto de Eduardo Souza Ramos para regatas oceânicas. O barco fez a primeira parte do percurso até o arquipélago em aproximadamente quatro horas e meia.
O retorno com vento a favor foi favorável à equipe mais profissional da modalidade no país e a equipe de Eduardo Souza Ramos, maior vencedor da competição, foi a Fita-Azul com quase sete horas de velejada.
”O barco é uma delícia, absolutamente dentro do esperado, super rápido, super gostoso, tranquilo de leme, muito bom. O resultado hoje deve ter sido muito ruim, mas só por erros nossos, principalmente na linha de partida, na saída, mas a velejada foi magnífica, um espetáculo”, explicou Eduardo Souza Ramos.
”O veleiro se comportou muito bem, a volta tinha um vento forte em um trecho tinha uns 22 nós, o barco foi campeão. Foi muito bom, deu para sacudir a poeira. O desfile foi lindo, você revive tudo, tantos anos de Ilhabela, um paraíso como esse daqui. Estamos recomeçando e cada ano vai ser melhor”.
O recorde da Alcatrazes permanece do barco Crioula, marca de 6 horas, 1 minuto e 42 segundos em 2018.
Regatas mais curtas e disputadas
Outro destaque da regata de abertura da Semana Internacional de Vela de Ilhabela foi a disputa entre os catarinenses na classe C30. O Katana foi o vencedor definido literalmente no photo-finish contra o Zeus. Apenas 3 segundos separaram os times da classe dos Carabelli. A equipe, que conta com o atleta olímpico Bruno Fontes, arriscou e conquistou a primeira vitória.
A concentração e o silêncio tomaram conta do momento até a buzina da Comissão de Regatas declarar a tripulação do Katana como o primeiro barco a cruzar a linha. ”A regata foi tensa. Largamos escapamos e voltamos. Mas no momento final pegamos vento melhor que os adversários”.
”Viemos de trás defendendo o vento de terra. Foi a única tática que restou. Foi cabeça a cabeça, proa a proa!”, explicou Bruno Fontes, que volta a Ilhabela depois de vários anos em função de campanhas olímpicas.
Veja o vídeo da chegada do C30
A classe HPE 25, que conta com 10 veleiros, fez o percurso da Regata Renato Frankenthal, de 10 milhas Nas últimas milhas, Ginga, Mussulo 25 e Conquest-Ecom brigaram pela liderança. O vento rondou na aproximação à linha de chegada obrigando as equipes a tomarem decisões rápidas. Melhor para o Conquest-Ecom de Marco Hidalgo, que larga na frente do campeonato.
A partir de terça-feira (27), as regatas da HPE25 passam a ser de barla-sota, ou seja, com mais boias para contornar e mais trocas de vela.
”Na última milha começou a rondar sul e leste. Deu uma briga boa com mudança de posição. Foi um bom aquecimento para a Semana de Vela. Agora é regata de percurso onde estamos mais acostumados. É uma prova mais dinâmica. Acho que vai ser bom”, contou a medalhista pan-americana de Snipe, a baiana Juliana Duque, que corre ao lado do companheiro Rafael Martins.
”O que mais me deixa alegre é voltar às competições, muita gente na água e muita gente nos assistindo. Viva à vela”, contou José Guilherme Caldas, do Mussulo 25.
As regatas foram acompanhadas pelos navios-patrulha Guajará e APA, esse último deu o tiro de partida deste domingo.
Vela do Amanhã
A Semana Internacional de Vela de Ilhabela quer deixar como legado o incentivo à formação da nova geração da vela oceânica no Brasil. Com a Regata Vela do Amanhã, marcada para o dia 26, alunos das escolinhas da modalidade em Ilhabela e região poderão vivenciar uma disputa de alto nível técnico, integrando tripulações experientes. Assim, eles ganharão experiência no trabalho em equipe na principal competição do gênero na América do Sul.
A Vela do Amanhã contará com as 60 crianças que fazem parte dos projetos da ilha, como a Escola de Vela de Ilhabela e a Escola de Vela Lars Grael. Todas as equipes inscritas na competição também são incentivadas a participar da ação. A inscrição pode ser feita diretamente na secretaria do Yacht Club de Ilhabela (YCI).