Política

Sessão da Câmara tem manifestação de moradores da Costa Sul e Costa Norte

Tamoios News
Rafael César
Rafael César

Moradores reivindicaram várias melhorias na Costa Sul e Norte da cidade, durante sessão de Câmara

Os moradores pediam comprometimento político dos vereadores e prefeito de São Sebastião

Por Rafael César, de São Sebastião

A sessão da Câmara de São Sebastião desta terça-feira (12) foi mais movimentada do que de costume. Cerca de 100 moradores da Costa Sul e da Costa Norte compareceram na Casa Legislativa reivindicando conclusões de obras, aprovação de alguns projetos de leis, uma melhor infraestrutura para os bairros e oportunidades de emprego para o setor de construções.

A sessão começou às 19h e parecia que seria tranquila, quando apenas cerca de 15 pessoas ocupavam o plenário. Quando os trabalhos foram iniciados, porém, ocorreu uma verdadeira invasão na assembleia e começou um tumulto. 

Vários munícipes da Costa Sul trouxeram cartazes e gritavam palavras de ordem. Havia também um grupo de trabalhadores desempregados, que já estava no local e endossou o coro de reivindicações. A pressão popular acabou gerando bons resultados, pois os vereadores acabaram derrubando quatro vetos do Executivo a projetos de leis que receberam aclamação popular.

Uma das principais representantes da manifestação e porta voz do grupo, Ingrid Reis, 38, fez uso da tribuna para reivindicar direitos e criticar a postura da prefeitura e de alguns vereadores que não compareceram à região, que sofre vários problemas. Ela citou como exemplo a ponte de Barra do Una, que foi totalmente destruída após a forte enxurrada que ocorreu em fevereiro e não teve respaldo do Poder Público.

A ponte servia de passagem para pedestres e veículos. Sem o acesso à ponte a situação ficou difícil para muitos, já que o outro acesso ao bairro é distante e muitas mães que vivem do outro lado daquele ponto do bairro têm que levar seus filhos a escola e a creche, numa caminhada de vários quilômetros.

“Sou morador de Barra do Una há 50 anos e nunca vi tanto abandono. A administração deste prefeito é péssima, meu bairro está sofrendo com uma enxurrada que caiu há quase três meses atrás. As atitudes que vimos foi uma verdadeira vergonha, nós não temos uma ponte para as mães poderem levar seus filhos para a creche e também para a escola”, critica o marinheiro Pedro do Rosário, 60, um dos representantes do movimento dos moradores e também um dos que ajudaram a manter um barco no local, como medida paliativa, para resolver o problema e fazer a travessia dos moradores pelo rio.

O grupo exigia a presença do prefeito Ernane Primazzi (PSC) e afirmava se o prefeito não aparecesse, iriam permanecer nas dependências da Câmara. O que ficou definido, após uma reunião entre uma comissão de moradores e alguns vereadores, é que haverá uma reunião com o prefeito nesta quinta-feira, às 16h, para encontrar soluções para a construção de pontes de Cambury e Barra do Una, assim como a reforma e ampliação da escola de Juquehy e a ampliação da creche de Cambury. 

“Só iremos saber se o resultado desta manifestação foi realmente positivo, após a reunião com o prefeito. Se ele não encontrar uma solução imediata iremos fazer o que o povo está pedindo, nós iremos, no dia 21, ocupar um trecho da rodovia. Eu espero que não chegue a esse ponto, tenho esperança que quinta-feira será um dia decisivo”, disse Pedro Renato da Silva, presidente da AMBUSS (Associação dos Moradores de Barra do Una de São Sebastião).

Para a cozinheira Cristina Xavier, 38, que tem que caminhar em média uma hora para fazer um percurso que antes levava meia hora através da ponte, o descaso dos políticos é algo absurdo. Cristina falou que está disposta a comparecer novamente no outro manifesto se for necessário.

“Os políticos nos prometem tudo e de repente fingem que esquecemos suas promessas. Eles pensam de forma errada, hoje, eu vi a cara de assustados de muitos que conheço há muito tempo, pois eles iam pedir voto lá no bairro. Agora, nós notamos o medo que alguns deles têm e a vergonha de nos encarar. Espero ver essa situação resolvida, porém, se não tiver outra solução vamos nos unir e parar tudo nesse próximo feriado. Não queremos prejudicar ninguém, estaremos reivindicando algo bom para muitos” acrescenta a cozinheira.

A maioria dos moradores eram de Barra do Una, mas havia representantes de outros três bairros da Costa Sul: Boiçucanga, Cambury, Boraceia.

Situação dos trabalhadores 

 Um grupo de trabalhadores da área da construção civil e industrial que está desempregado compareceu na Câmara para pedir oportunidades no setor e acompanhar a votação do veto total do projeto de lei número 54|15 que altera e acresce dispositivos á Lei Municipal número 2336|2015, autorizando o Poder Público a dispor sobre a obrigatoriedade na contratação de mão de obra local e proibe a construção de alojamentos pelas empresas prestadoras de serviço na região.

A votação para a queda do veto do projeto de lei de autoria dos vereadores Gleivison Henrique Costa Gaspar (PMDB) e Jair Pires (PSDB) chegou a ser ameaçada já que muitos protestantes pediam o cancelamento da sessão. Porém, após uma conversa entre os grupos foi possível a votação.

O veto total ao projeto de lei foi derrubado por unanimidade na bancada e outros três vetos acompanharam o mesmo exemplo. Para Jair Pires, a presença do povo foi algo determinante na quebra do veto ao seu projeto.

“Antes da presença da manifestação da população, eu não tinha conseguido um voto para a reprovação do veto, mas com a grande presença dos munícipes na Casa teve vereadores que se manifestaram contra o projeto, que na hora que viu que o povo queria a quebra do veto e mudou sua opinião. Eu gostei muito da presença do povo no Legislativo. Gostaria que fosse assim toda sessão” explica Pires.

Um dos representantes do grupo de manifestantes dos trabalhadores, Dário Rodrigo da Silva, 30, que já está desemprego há dois anos, afirmou que está sendo obrigado a trabalha em outras áreas para manter a família.

“As empresas trazem um monte de gente de fora e nós da região ficamos sem emprego. Minha expectativa é que isso mude. As empresas não podem trazer essas equipes formadas. A proibição dos alojamentos faria as companhias contratarem mão de obra local, porque eles (donos das empresas) não iriam pagar hotéis e restaurante para um monte de trabalhadores. Conseguir um emprego não está fácil, estou trabalhando como pintor para me manter”, explica Rodrigo.

Segundo Jair Pires, algumas empresas que pegaram obras na cidade de Caraguatatuba estão construindo alojamentos na cidade, já que na cidade vizinha a lei está em vigor.

Outros projetos 

Os outros três vetos que foram derrubados eram de autoria dos vereadores Jair Pires (PSDB), Gleivison Henrique Costa Gaspar (PMDB), o professor Gleivison e do vereador Reinaldo Alves Moreira Filho, o Reinaldinho (PSDB).

O projeto de lei do vereador professor Gleivison visa que a abertura dos shows na cidade deveria ser por músicos e artistas locais. 

“O projeto é de utilidade pública, sim. O prefeito e as comissões viram a força do povo e com certeza viram que estão tomando decisões erradas. Sou grato a toda população que ajudou diretamente na reprovação desse veto”, comentou Gaspar.

Já o projeto de lei do vereador Reinaldinho pedia a obrigatoriedade das concessionárias de serviços de lixo urbano e suas terceirizadas a disponibilizar sacolas de lixo aos usuários dos acessos a praias do município.

“Não queremos ver as praias sujas, esse serviço seria prestado e melhoraria a educação de cada visitante da cidade. Estou cansando das explicações aos vetos de nossos projetos. É sempre o mesmo argumento, de que é inconstitucional ou não tem interesse público. Todos os vetos parecerem que são copiados, pois os últimos parágrafos são sempre idênticos”, falou o vereador.

“Esse meu outro projeto do ‘Aluno sempre alerta’ irá disponibilizar oportunidades de cursos, atividades e oficinas a muitos escoteiros da região. Com a reprovação do veto os alunos poderão fazer o uso de ambientes de algumas escolas durante finais de semanas para efetuarem seus ensinamentos”, complementou Jair Pires.

O vereador Onofre Santos Neto (DEM) lamentou não ter ocorrido votação ao veto de seu projeto de lei que pedia a instalação de radares inteligentes em pontos do município não ter ido para votação nessa sessão.

“Realmente é lamentável o meu projeto ter sido votado na semana passada. Eu tenho certeza que se fosse, hoje, o veto seria derrubado. O pior é que vimos uma situação que poderia ter sido evitada, através da instalação destas câmeras. Os carros usados no assalto a caixas eletrônicos e bancos, em Boiçucanga, eram roubados. Informação que poderia ter sido descoberta pelas apuração das imagens”, completou Neto.

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