Vivenciando uma jornada afetiva de novas experiências em sua terra natal, a soprano ítalo-brasileira Carla Cottini volta ao palco do Festival Vermelhos no dia 16 de novembro, às 11h, apresentando em dueto com o pianista Ricardo Ballestero, parceiro de longa trajetória, o recital Paisagens Líricas, que inclui composições de Helza Camêu, Claude Debussy, Xavier Montsalvatge, Villa-Lobos e Ernani Braga. Sediado em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, o festival chega à 8ª edição celebrando dez anos do Instituto Baía dos Vermelhos, organizador do evento.
Há mais de uma década a soprano se destaca nos principais palcos de ópera e de concertos do mundo e se consolida como uma das grandes vozes da atualidade. Nascida em São Paulo, Carla tem conquistado crítica e público com sua expressividade marcante e técnica refinada na interpretação de personagens que têm em comum a genialidade de compositores como Verdi, Mozart, Bellini, Puccini, Villa-Lobos, Schumann e Schubert, entre outros.
A apresentação de Paisagens Líricas em Ilhabela coroa um percurso que percorreu alguns dos principais palcos do país. Radicada em Berlim desde 2019, Carla abriu a temporada de 2025 em maio, no Theatro Municipal de São Paulo, onde voltou a interpretar Zerlina, de Don Giovanni, 12 anos após sua estreia profissional no mesmo palco. A montagem inédita teve regência de Roberto Minczuk, maestro com quem a artista já havia colaborado durante a edição de 2024 do Festival Vermelhos, sendo uma das vozes de Gala Puccini, recital que celebrou a memória de Giacomo Puccini por ocasião do centenário da morte do compositor italiano.
No final de setembro a soprano participou do show de abertura da turnê 50 anos de Poesia, de Jorge Aragão, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, interpretando Ave Maria, de Bach e Gounod, ao lado de um quarteto de cordas, além da banda que acompanha o mestre Aragão.
“Anos atrás interpretei Ave Maria em dueto com o Jorge ao cavaquinho. A Tânia Aragão (filha do artista e produtora da turnê) ficou emocionada e me contou que essa música tinha um valor especial para sua família. Sabendo que eu estaria me apresentando no Brasil, Tânia me convidou para fazer essa surpresa para a plateia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Foi um momento maravilhoso.”
Em 15 de outubro, também em dueto com Ballestero, Carla apresentou um recital no Auditório Olivier Toni, do Departamento de Música da Universidade de São Paulo (USP), interpretando canções de Debussy, Montsalvatge, Villa-Lobos e da pianista e musicóloga Helza Camêu — compositora de Saudade, peça adaptada do poema de Vicente de Carvalho que, em breve, será lançada como single por Carla e Ballestero.
Dias antes do recital em Ilhabela, em 7 e 9 de novembro, Carla será um dos destaques de A Profissão da Senhora Warren, adaptação lírica da peça do dramaturgo Bernard Shaw, com música de Maurício De Bonis e libreto assinado por Eliane Coelho, Viviane Sabag e Gabriel Rein-Shirato. O espetáculo, principal atração do Festival de Música Erudita do Espírito Santo, marcará também um reencontro da soprano com uma de suas grandes mestras, Eliane, que é coprotagonista da ópera inédita em português e mãe de Vivie, sua personagem.
Encerradas as apresentações no festival do Espírito Santo, Carla retorna a Berlim para gravar com a Orchester des Wandels, entre 24 e 28 de novembro, as Bachianas Brasileiras no. 5, de Heitor Villa-Lobos, obra que se tornou uma de suas marcas registradas. As sessões também incluem uma releitura de Melodia Sentimental. Com poema de Dora Vasconcellos, a canção de 1958 — que integra a obra A Floresta do Amazonas — é uma das últimas composições de Villa-Lobos e foi comissionada pela Metro-Goldwin-Meyer para o filme Green Mansions (no Brasil, A Flor que Não Morreu), dirigido por Mel Ferrer e estrelado por Audrey Hepburn e Anthony Perkins.
“Fico contente quando tenho a oportunidade de cantar no Brasil, porque gosto de trazer para o meu país um pouco do que aprendo pelo mundo. O público brasileiro é caloroso e receptivo. Gosto de reencontrar colegas, de me conectar com pessoas que não conhecia, de conhecer novos talentos brasileiros”, conclui a soprano.
Programa do Recital Paisagens Líricas – Carla Cottini, soprano & Ricardo Ballestero, piano
O recital percorre diferentes idiomas e sonoridades que marcaram o final do século XIX e o início do século XX, desenhando um mapa de experiências musicais e poéticas. As canções brasileiras de Heitor Villa-Lobos, Helza Camêu e Ernani Braga mostram como a tradição popular inspirou novas formas de expressão na música do país.
Helza dialoga de modo sensível com o universo de Claude Debussy, explorando timbres e atmosferas que aproximam poesia e música, enquanto Braga e Manuel de Falla revelam, cada um à sua maneira, o impulso nacionalista que valorizou ritmos e melodias de suas terras. Debussy, criando uma linguagem moderna ainda no final do século XIX, serve como ponto de passagem para outros mundos sonoros, abrindo espaço para novas relações entre som e sentido. Já Xavier Montsalvatge, ao se inspirar na literatura e na cultura de Cuba, transforma o exotismo tradicionalmente empregado na música europeia em reflexão crítica.
Serviço
Festival Vermelhos – Recital Paisagens Líricas, de Carla Cottini e Ricardo Ballestero
Domingo, 16 de novembro, às 11h
Para programação completa e ingressos, acesse: vermelhos.org.br/
Fonte: Festival Vermelhos


