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Suposto dono da área nega violência contra famílias caiçaras no Ubatumirim

Tamoios News

Herdeiros da “família dos Bernardos” que alegam ser donos de uma área de 170 alqueires em Ubatumirim, região norte de Ubatuba, que teria sido invadida por caiçaras ao longo dos últimos 20 anos, negam a contratação de jagunços e qualquer tipo de violência para expulsar os invasores.

Segundo um dos herdeiros, Edney dos Santos, a área pertence à família desde 1855 e era de seu tataravô, Pedro Miguel Pimenta. Segundo ele, a família morou no local até 1932 e depois, mudou-se para o centro de Ubatuba e, em seguida, para Taubaté.

Família mostra fotos de parentes limpando área no Ubatumirim em 1976

Santos disse que a família possui parte da documentação de posse da área, apesar do cartório da cidade alegar que o livro que continha o registro foi destruído. “Queremos tomar posse da área que ainda não foi invadida. Não queremos confusão com ninguém”, comentou. Ele nega que empresários estejam interessados nas áreas e fomentando o conflito com os caiçaras.

Descendestes dos “Bernardos”, Eloy e Bertino Miguel dos Santos durante limpeza e demarcação da área em 1976

Ele explicou que não é verdade que a família esteja ameaçando e usando de violência contra os invasores. Segundo ele, mais de 20 famílias vivem em área que seria de propriedade “dos Bernardos”.

Família tenta a partilha da área desde 1994, mas cartório alega que livro onde poderia constar o registro não existe mais, segundo Santos

Tiroteiro

Em setembro, Santos disse que esteve no local com quatro policiais militares a paisana, dois deles de Taubaté e os outros dois, de Ubatuba. Dois policiais, segundo ele, queriam comprar de sua família uma área no Ubatumirim.

“Quando chegamos ao local fomos recebidos a tiros e um dos policiais militares revidou com um ou dois tiros”, contou. Na ocasião, um dos invasores chegou a ser preso pela PM e encaminhado até a delegacia de polícia da cidade.

Câmara

Sobre o fato da câmara da cidade ter solicitado que o Ministério Público e as policias civil e militar investiguem a suposta violência praticada contra os invasores, Santos afirmou,  que os vereadores estão desinformados e desconhecem a verdade dos fatos.

“Espero que a justiça apure tudo com rigor e faça valer a verdade. O importante é que a lei seja cumprida. Nós, da “família dos Bernardos”, somos os verdadeiros dono da área”, alegou.

Acordo

Segundo Santos, não tem como brigar com as famílias que vivem na área há muitos anos. O que a família quer, segundo ele, é tomar posse das áreas que ainda não foram invadidas e ocupadas.

“Os invasores tem a posse da área, mas não possuem a documentação dela. A documentação que temos nos permite vender parte da área para regularizar o restante”, explicou.

Santos disse ainda que a família está lutando pelo direito da posse da área, mas não está conseguindo pois os invasores não permitem. Ele disse que a justiça não está fazendo nada para reconhecer o direito dos Bernardos sobre a área. “Preferimos um acordo do que uma briga eterna”, finalizou.

Entenda o caso

Caiçaras foram até a Câmara cobrar providências das autoridades locais

Após receber denúncia dos moradores do bairro de que jagunços armados estariam usando de violência para expulsar caiçaras no Ubatumirim, a Câmara de Vereadores de Ubatuba pediu que o MP(Ministério Público Estadual), as polícias civil e militar e a prefeitura local apurem o caso.

Os dez vereadores assinaram os documentos encaminhados ao MP, Prefeituras e policias civil e militar pedindo providências, após um dos moradores do bairro, Juarez Barbosa Pimenta, através da Tribuna Popular, denunciar que grileiros, vindos de Taubaté, protegidos por jagunços armados, estariam aterrorizando o bairro com armas  de fogo e invadindo propriedades.

Vereadores

O documento assinado pelos dez vereadores considera que “o Município de Ubatuba, dada sua extensa área ao longo da costa, de aproximadamente 100 quilômetros entre as divisas territoriais, tem ficado exposto aos interesses de especuladores que aproveitam-essa fragilidade para se dar bem”.

Os vereadores alegam ainda no documento encaminhado às autoridades que “o problema das invasões de terra vem se propagando por todo o território municipal, com a população cobrando ações mais enérgicas do Poder Público, um esforço significativo para coibir esta afronta aos proprietários de terra e responsabilizar a quem de direito”.