Uma equipe técnica do Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha encontrou no final da última semana um rastro de desova de tartaruga marinha na Praia do Félix, em Ubatuba.
Segundo o órgão há uma preocupação no local porque o Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) aprovou a revisão do zoneamento do Gerco passando a área de Z2 para Z4, o que foi feito para possibilitar a realização de empreendimentos imobiliários com maior adensamento a uma distância de apenas 70m do local onde os ovos foram encontrados.
Para o Diretor-Presidente do Instituto Argonauta, o oceanógrafo Hugo Gallo, já foi comprovado cientificamente que construções com muitas luzes e movimentação excessiva da população impedem o processo de desova.
A equipe do Tamar Ubatuba confirmou a existência de ovos e após a avaliação do local decidiu por transferir manualmente o ninho de lugar para uma área mais longe do mar. “A tartaruga escolheu como ponto de desova um área muito próxima a linha de ação da maré. A decisão de realocar o ninho visa proteger os ovos, uma vez que sendo atingidos pela maré alta, podem encharcar e apodrecer, além do risco de erosão do ninho pelo mar e consequentemente perda dos ovos”, explicou o biólogo do Tamar Ubatuba Henrique Becker.
Com a ajuda da equipe do Instituto Argonauta foi delimitada uma área de proteção e isolamento em torno do ninho. Além disso, serão produzidas placas de sinalização para a conscientização dos frequentadores da praia. Toda essa preocupação se dá pelo fato do Litoral Norte de São Paulo não ser uma região natural de desova das tartarugas, o que torna esse processo ainda mais frágil. Mesmo assim, desde 2004 há registros de ninhos esporádicos com um expressivo aumento no último verão. O próximo passo é o acompanhamento do ninho durante o período aproximado de 60 dias, quando espera-se o nascimento das tartarugas. A identificação da espécie só será possível caso algum ovo vingue.