No segundo mandato e eleito presidente da Câmara, ele concedeu entrevista exclusiva ao Tamoios News para falar das perspectivas de sua gestão
Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba
O vereador Renato Leite Carrijo de Aguilar, o Tato Aguilar, acaba de assumir a presidência da Câmara Municipal de Caraguatatuba. No segundo mandato, ele tem atualmente 34 anos. Filho do ex-prefeito, José Pereira de Aguilar e irmão do atual prefeito, Aguilar Junior, é a terceira geração da família a assumir uma presidência de Legislativo. “Meu avô foi presidente, meu pai e agora eu. Está na história da nossa família, mas não foi isso que me motivou a tentar a presidência”, disse.
Segundo ele, a maior motivação para pleitear o cargo foi o desafio. “Sou fascinado por desafio. O primordial disso tudo é desenvolvimento da cidade. Eu quero que Caraguá cresça. Quero fazer parte dessa história”, completou. Ele considera que a nova posição traz mais responsabilidades, mas também gera mais experiência.
Em entrevista exclusiva ao Tamoios News, o novo chefe do Poder Legislativo caraguatatubense falou sobre suas pretensões políticas, assim como os principais projetos, que inclui iniciar obras de uma nova sede para a Câmara Municipal, além da realização de um concurso público em breve para vários cargos.
Tamoios News (TN) – Por que você quis ser o candidato? Houve alguma resistência por parte dos vereadores? O que você acha daqueles que deixaram a votação e que eram da base do ex-prefeito?
Tato Aguilar (TA) – Eu respeito a atitude dos que se ausentaram da votação. De forma democrática, eles entenderam naquele momento que não queriam votar em mim. Tive o apoio dos demais, que entenderam minha proposta. O que levei para eles é que vou respeitar todos de forma igualitária. Na Casa temos vereadores com seis mandatos, com três, dois e os novos. Mas todos são iguais. Tive apoio do PMDB, do PPS, do PP, do PTB e tem representantes na mesa diretora, para que os diversos partidos fossem agregados. Minha atuação nos últimos quatro anos foi muito forte em relação a trazer a população para a Câmara. E é isso que quero, que a população seja mais atuante, que participe das discussões que realizamos. Temos oito novos vereadores, com muita vontade de trabalho e quero dar a eles essa oportunidade.
TN – Quais as primeiras ações que você pretende realizar?
TA – Em relação as ações administrativas, a Câmara hoje, de uns anos para cá, tem sido bem administrada, mas cada um tem sua forma de administrar. Nós vamos rever todos os contratos, a parte estrutural e os recursos humanos. Hoje a Câmara só tem 23 funcionários efetivos. Ela também demanda de um espaço físico. Nossas condições de trabalho hoje são precárias.
Quero fazer um novo concurso, altamente transparente, para que possamos ali. Já determinei uma comissão para fazer, que está mapeando os cargos, os setores. Mas já sei que precisa no RH, serviços gerais, patrimônio, motorista, ou seja, vários setores hoje estão defasados.
Outro ponto seria uma nova sede. Tem gente fala que seria gastar muito dinheiro, mas seria importante. É uma demanda dos próprios funcionários. Já tem um terreno disponível para isso, que possamos então planejar.
Não sei se vou entregar, mas o pontapé inicial será possível. Tem dinheiro disponível. Não sei se vou entregar, mas não tenho esse ego. Quero fazer o que estiver ao nosso alcance. Os gabinetes hoje não são dignos de receber a população. O vereador é o político mais próximo em toda a esfera nacional, então ele vai muito atrás do vereador para ter esse atendimento. Por isso quero propiciar melhor atendimento e respeito.
Em relação a medidas políticas, a ideia seria levar os vereadores aos bairros para ouvir as demandas. Iremos oferecer a estrutura necessária, para que eles estejam nos bairros, ouçam a população, para podermos levar as demandas para o Executivo.
TN – E onde seria essa nova sede do Legislativo?
TA – Vou estudar o projeto, mas tem a área disponível e seria na região central.
TN – Como você vê o fato de ser irmão do prefeito? Como você vê essa relação e o seu papel enquanto legislador, que é de fiscalizar o Executivo?
TA – Eu vejo com muito bons olhos, partindo do princípio de pensar na cidade. Vejo de forma salutar. É irmão, é irmão. Mas ele é chefe do Executivo e eu do Legislativo. Fiscalização não sou eu apenas que farei, mas todos os 15. Essa é a atribuição do vereador e todos devem fiscalizar. A cobrança acaba ajudando o prefeito a governar. Fiz isso na gestão passada. Minhas cobranças permitiram melhorias para a cidade. Haverá cobrança, minha para ele, sempre com respeito. Somos irmãos, mas administramos poderes distintos, que apesar de harmoniosos, têm sua independência. Acho que essa proximidade vai facilitar levar as demandas e ajudar a cidade crescer.
TN – Como foi ser praticamente o único vereador de oposição na gestão passada?
TA – Me fortaleceu muito, mas também me deixou de mãos atadas. Por isso que meu maior desafio hoje é dar possibilidade aos vereadores de fazerem muito o que não consegui. Nossa bandeira hoje é Caraguatatuba, independente de lado. Acho que será possível fazer agora, muito do que desejei nesses últimos quatro anos e não pude. Briguei muito pela saúde, educação, pelos gastos públicos. Vou cobrar saúde melhor, a reabertura da Santa Casa, a entrega dos remédios na casa das pessoas, uma educação melhor.
TN – Você pretende fazer redução de gastos?
TA – Sim, já estamos fazendo com a revisão de gastos. Eu já peguei uma administração enxuta. Eu vou continuar. Os contratos não necessários serão rompidos.
TN – E sobre as contas, qual sua perspectiva?
TA – Eu tenho pretensões políticas. Hoje tenho 34 anos, então vou tomar esses cuidados para seguir em frente nessa trajetória.
TN – Você quer chegar onde?
TA – Quero chegar em Brasília. Não sou um cara ambicioso, mas como numa empresa, você acaba tendo pretensões de ir além. Mas enquanto vereador, quero chegar numa cidade melhor, numa Caraguatatuba onde todos tenham qualidade de vida, serviços públicos eficientes.
TN – Seu pai, Aguilar, influencia de alguma forma no seu trabalho?
TA – Eu sou o postulante do cargo, tenho a minha total independência, mas eu nunca vou menosprezar a experiência de um homem que tem 30 anos de trabalho político. Sim, nas questões onde exige uma consulta, eu faço. Tenho humildade para reconhecer que ele conhece demais de política, conhece a cidade. Se eu tiver na presidência e precisar de alguma consulta, vou recorrer a ele, meu pai, meu melhor amigo (se emociona ao citar). Ele sabe o papel dele. É um pai que está ali para ajudar a cidade, mas também para orientar seus filhos. O mesmo acontece com o Júnior.
TN – Para concluir, qual a sua perspectiva de mandato? Daqui dois anos, como você quer que as pessoas vejam o Tato Aguilar?
TA – Tenho duas visões disso. A interna, que é de ter oferecido boas condições de trabalho, liderança, um bom trabalho desenvolvido para os vereadores. Quero deixar um legado, que inclui o novo prédio, novos empregos, enfim, um legado de respeito. Externamente, quero levar benefícios para a população, não apenas nos dois anos, mas nos quatro. Seja na saúde, no social, na segurança pública. Vou cobrar demais dos secretários, da polícia, dos conselhos. É isso que quero levar.