Treinamento de Tiros da Marinha Não Aconteceu em Alcatrazes

Ilha da sapata, local distante 4 km de Alcatrazes

Treinamento foi feito na ilhota da sapata, em área interditada e com divulgação prévia, respeitando os acordos firmados em 2013

Por Ricardo Hiar

A Marinha do Brasil confirmou esta semana que promoveu uma prática de tiros em São Sebastião, na região de Alcatrazes, no último dia 31. Apesar disso, a corporação afirmou que não utilizou a ilha principal do arquipélago como alvo e que os acordos firmados em 2013, que visam a preservação do local e das espécies que vivem por lá, foram respeitados.

Alguns moradores da Costa Sul de São Sebastião demonstraram preocupação ao ouvir muitos barulhos de tiros na última segunda-feira, que presumiram se tratar dos treinos, por conta do histórico local. Muitos chegaram a postar nas redes sociais o receio da corporação ter reiniciado os exercícios de tiros, o que muitos citaram como “retrocesso”.

De Juquehy, Marcia Dias, 53, disse ter ouvido o barulho e ficou bastante preocupada. “Quando me dei conta que eram tiros fiquei indignada, pois lembrei dos treinamentos do passado e como foi preciso muitas pessoas brigarem para que isso parasse, e o local fosse preservado. Fiquei sem entender o que estava acontecendo”, explicou. Segundo a Marinha, um acordo estabelecido anteriormente, e anunciado em 2013, autoriza, em caso de necessidade e interesse da Defesa Nacional, a realização de exercícios de tiro em área próxima ao Arquipélago de Alcatrazes, mais precisamente na Ilhota da Sapata, que está cerca de quatro quilômetros distante da ilha principal. O último exercício executado sobre a ilhota aconteceu em 11 de dezembro de 2014.

Já esta semana, a Fragata “Independência” realizou exercícios de tiro em espaço marítimo limitado e localizado a leste do Arquipélago de Alcatrazes, afastado cerca de seis quilômetros da reserva ambiental da Estação Ecológica Tupinambás. Conforme explicado em nota, a área marítima foi previamente interditada e divulgada em Aviso aos Navegantes. Os exercícios tiveram por objetivo o alinhamento de sistemas da Fragata.

Esse tipo de treinamento ocorre de forma aleatória, de acordo com a necessidade dos navios da Marinha do Brasil e, portanto, não há periodicidade para tal.  A Marinha destacou ainda que apoia a criação do Parque Nacional Marinho de Alcatrazes e continua colaborando com os órgãos de proteção ambiental. “Nossa presença na área tem o potencial de dissuadir a atuação de depredadores e a execução de outras atividades ilícitas no local, contribuindo decisivamente para tornar o arquipélago um dos mais preservados do país”, afirmou em nota oficial.

Cessar fogo

O Arquipélago dos Alcatrazes, situado a aproximadamente 45 km do Porto de São Sebastião, é um berçário de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Ele é formado por 13 ilhas.

Em 2013, após 33 anos, a Marinha anunciou o fim dos treinos de tiros numa área rochosa da ilha principal, em apoio ao projeto que tramita no Ministério do Meio Ambiente e propõe novas regras de preservação. Entre as mudanças previstas está a possibilidade de acesso de visitantes ao local, limitado atualmente por se tratar de uma zona militar.