O aparecimento de manchas de óleo no litoral brasileiro completa um ano. Espalhada pela extensão Nordeste-Sudeste do País, a poluição continua presente na areia, sedimentos e manguezais, mas ainda faltam explicações por parte do governo a respeito do que causou o desastre.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, diz que, entre as possíveis causas consideradas, a mais plausível, mas que não chegou a ser comprovada, foi um derramamento de óleo durante um transporte ou naufrágio. “As evidências não apontavam para fatos específicos, tornando difícil identificar se um navio teve participação no acidente, tornando a situação mal explicada em relação à sua origem”, explica o professor.
Côrtes ainda ressalta que, dada a grande extensão litorânea e a dimensão do desastre ambiental, a atuação do governo federal foi muito lenta e aquém do esperado. “O óbvio seria que o Ministério do Meio Ambiente assumisse a coordenação dos trabalhos de recuperação das áreas afetadas, mas esse foi o setor governamental que menos se posicionou sobre o acontecido. Coube às populações e às Prefeituras locais iniciarem os processos de limpeza de forma voluntariosa, e posteriormente a Marinha assumiu a apuração do caso”, conta.
Os impactos da situação ainda persistem nos dias de hoje. Dentre eles, a contaminação dos mangues preocupa ambientalistas, pois suas espécies são essenciais para a manutenção dos ecossistemas marinhos, causando danos a toda a cadeia alimentar. Esses prejuízos tendem a se alastrar a longo prazo e a serem somados a outros problemas, como a poluição das águas por esgoto e lixo e as alterações climáticas.
*Informações do Jornal da USP