Luiz Tadeu
Quando criaram a primeira DDM- Delegacia de Defesa da Mulher no Estado de São Paulo, isto em agosto de 1.985, portanto há mais de trinta anos, o objetivo era que as mulheres paulistas tivessem um local onde pudessem ser atendidas sem ficarem constrangidas, quando precisassem comunicar agressões sofridas por parte de companheiros, namorados ou maridos.
Para que não passassem por maiores agruras, fora aquelas já sofridas, toda a equipe da DDM era composta exclusivamente por mulheres, desde a delegada de polícia até suas assistentes e escrivãs. Estas peculiaridades levaram um grande número de mulheres a procurar estas autoridades policiais e relatarem as violências sofridas de toda espécie, desde estupros até agressões físicas.
Em outras palavras, as mulheres procuravam nestas delegacias, um local onde pudessem também ser amparadas por pessoas do mesmo sexo e que, certamente entenderiam melhor o que se passara. Acontece que, após serem criadas mais e 130 DDMs no estado, como sempre acontece no serviço público, a situação mudou e deixou de ter um atendimento feito somente por mulheres, o que era fundamental. Hoje, infelizmente, o Litoral Norte não tem em suas Delegacias de Defesa da Mulher nenhuma delegada que responda pelas mesmas, o que cria todo tipo de desconforto e constrangimento para as vítimas.
Esta triste realidade não significa que não tenhamos delegados sérios e competentes à frente de suas delegacias. A prática, entretanto, nos mostra que, nos casos específicos de violência contra a mulher, é essencial que ela seja atendida por outra mulher, não bastando que haja uma escrivã no local, muitas vezes sem dar a devida atenção e com má vontade por causa do excessivo serviço. Isto tem de mudar.
Mesmo com a vigência da Lei Maria da Penha, a violência contra as mulheres aumentou significativamente. Recentemente, a ex-procuradora e hoje advogada Luiz Eluf em palestra realizada no Litoral Norte, trouxe números alarmantes a respeito da violência contra a mulher. A cada quatro minutos uma mulher é vítima de agressão e a cada hora e meia ocorre um femicídio (assassinato de mulher), superando em mais de três milhões as denúncias nos últimos dez anos.
Também no Litoral Norte, pouco ou quase nada se faz para que esta situação melhore. E isto começa por um atendimento inadequado, no momento em que as mulheres são vítimas e necessitam de amparo. Isto sem contar com a morosidade do Judiciário em dar andamento aos casos desta natureza.
Já que mais da metade da nossa população é constituída de mulheres, nada mais justo que os chamados representantes do povo, prefeitos e vereadores, além das entidades de classe, busquem mudar esta caótica situação. O bom senso exige.