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Único caiçara na 42ªISW, Ubiratan Matos compete nesta quarta

Tamoios News
Fred Hoffmann
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Matos já passou por várias categorias e se prepara para sua 19ª participação na ISW

Caiçara de São Sebastião fará dupla com Reinaldo Conrad na classe Star

Por Marcello Veríssimo

Para o funcionamento da engrenagem de um veleiro ser perfeita, além do entrosamento entre os tripulantes, são necessários conhecimento, técnica e experiência. Requisitos que o velejador Ubiratan Matos, 36, único caiçara competindo na 42ª Semana Internacional de Vela de Ilhabela, possui de sobra.

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Mundialmente conhecido, com 22 anos de carreira no esporte, hoje compete pela classe Star, uma das categorias mais conceituadas por ser a mesma pela qual passaram ícones como Robert Scheidt e os irmãos Grael. Matos se prepara desde a última segunda-feira (6) para sua 19ª participação na também chamada Fórmula 1 dos mares.

Este ano, ‘Bira’ correrá ao lado do atual companheiro Reinaldo Conrad, de 72 anos, antecessor dos campeões da atualidade. “Como a previsão é de ventos médios a fortes, é necessário uma série de regulagens e ajustes que temos de deixar prontos”, explicou o atleta, enquanto preparava o veleiro “Onda”, de 21 pés, no estaleiro do Yacht Club, na Vila, quando conversou com o Portal Tamoios News.

A expectativa da dupla é terminar as regatas, que retornam a partir desta quarta-feira (8), entre os cinco primeiros colocados.

Os veleiros da Star fazem com que o ritmo das provas seja realmente semelhante ao dos tradicionais grandes prêmios de corrida. As embarcações desta classe são chamadas de “one design”, possuindo geralmente desenhos e tamanhos parecidos. “Existem vários tipos de barco”, completa. No caso da classe (Star), que é diferente do tipo de barco oceânico, com regras e pontuações diferenciadas do restante das embarcações, “quem chegar primeiro leva. É como a fórmula 1: primeiro, segundo, terceiro, quarto e assim sucessivamente”, explicou.

Sem a presença das estrelas do iatismo nacional, que estão nos Jogos Pan Americanos de Toronto, no Canadá, o velejador tem expectativa de realizar ótimas regatas. Ele atua na função de trimmer – uma espécie de tático – do comandante Reinaldo Conrad. “Ele está com 72 anos, ainda bastante competitivo. Conrad é considerado o Emerson Fittipaldi da Vela”, disse o atleta. “O trimmer é quem regula as velas. Ajudo na estratégia do comandante e por conhecer bem a raia, sou local, consigo ajudá-lo muito”, completa. As raias variam bastante e dessa vez Bira parte rumo à Ponta das Canas, ao norte do arquipélago.

Perfil

Humilde, Ubiratan Matos contou que, apesar de conviver com esses atletas de alto nível – assim como ele – não se considera uma “estrela”. “Sou caiçara, o Bira de antigamente, ainda tenho muito caminho a percorrer”, disse. Amigo de vários atletas, Ubiratan Matos considera que existe uma diferença entre o turismo feito em Ilhabela e São Sebastião. “As pousadas estão todas cheias, os turistas e velejadores gostam da ilha”, afirmou ele, que teve início semelhante de outros atletas no esporte. “A vela mudou minha vida”, disse. “São Sebastião possui potencial e é privilegiado geograficamente. Ilhabela fez muito sucesso com a vela oceânica em razão do calado com áreas mais fundas, existe a possibilidade de receber barcos maiores, com quilhas maiores”.

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Para ele, além disso, o sucesso da Semana Internacional de Vela acontece pelo trabalho realizado “do esforço político” em torno do evento, conforme o turismo náutico exigia com o tempo, e “conseguiu adquirir reconhecimento mundial com o maior evento da América Latina, com direito ao patrocínio da marca de relógios suíços Rolex durante três anos, uma façanha que só alguns eventos conseguem no mundo”.

Já para os monotipos, que são os barcos menores para iniciantes, Bira considera o lado de São Sebastião “muito melhor devido a sua profundidade, ideal para os pequenos”. Por isso, como caiçara nascido em São Sebastião, Matos sente a falta “de investimentos e vontade política” para criação de escolinhas de vela, por exemplo, que auxiliariam bastante os menores em situação de vulnerabilidade social. “O iatismo no mundo todo tem envolvimento do setor turístico e em São Sebastião não sabemos o que ocorre com seu turismo estagnado”.

Bira conta que no mundo existe uma procura grande por praias diferentes, lugares diferentes para realizar regatas. “A nossa White Bread que realizamos lá atrás, em 1998, hoje Volvo Ocean Race, uma regata volta ao mundo, teríamos condição de brigar de igual pra igual”, sonha Ubiratan, também apostando na criação do projeto de uma marina pública.

Na baixa temporada, em São Sebastião, seria ideal para o turismo que também tem todo “um Centro Histórico” unindo esporte, cultura, entre outros atrativos turísticos que poderiam deixar “São Sebastião tão lotada de turistas como está Ilhabela” ele disse.

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