Litoral Norte Pessoas com deficiência

Verão: Cadeirantes cobram acessibilidade nas praias da região

Tamoios News

Pessoas com mobilidade reduzida- seja por paralisia cerebral, tetraplegia, idosos e vítimas com sequelas de AVC (acidente vascular-cerebral) encontram muitas dificuldades em frequentar as praias do Litoral Norte.

Segundo as pessoas entrevistadas, todas elas, com algum tipo de deficiência, a maioria das praias da nossa região não oferece acessibilidade adequada, ao contrário do que encontram em praias da Itália e Espanha, por exemplo.

Em Caraguá, São Sebastião e Ilhabela existem algumas praias, exclusivas para este tipo de turista, conhecidas como Praia Acessível, mas a cobrança é para que todas as praias possam oferecer acessibilidade, um direito de todos, principalmente, com o crescimento do número de pessoas idosas e cadeirantes que vão as praias.

A prefeitura de Ilhabela informou que as praias com acessibilidade na ilha são: Julião, Curral, Portinho, Perequê, Praia Grande e Pedra do Sino.

 

Dificuldades

 

Uma das pessoas entrevistadas foi Léo Soprano, de 41 anos, piloto de moto velocidade “adaptada” na Itália.

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Léo ficou paraplégico nível T5,  após um acidente de moto em Londres, em 2004. Hoje, vive na Itália, onde disputa o campeonato italiano de Moto Velocidade Adaptada.

“Nenhuma das praias que conheço aqui no Litoral Norte possui acessibilidade. Nem, nos banheiros. Isso dificulta muito a presença de cadeirantes e até de pessoas idosas”, contou.

Segundo ele, em praias da Itália, Inglaterra, França e Espanha a acessibilidade é garantida. “Não sei se existe uma lei exigindo isso, mas é padrão em todas as praias europeias garantir o acesso de pessoas com deficiências em suas praias”, afirmou.

Léo foi até a praia Martim de Sá, mas não conseguiu entrar na areia e nem ir ao mar. “Veja, não tem como passar pela areia e ir até a beira da água”, reclamou.

 As prefeituras, segundo ele, deveriam exigir que os quiosques contém com esteiras de plástico-utilizadas para facilitar o acesso das cadeiras pela areia e chegar ao mar.

“Isso é muito comum na Europa, custa muito barato e é bem simples, basta apenas sensibilizar as prefeituras e conscientizar os proprietários de quiosques”, alertou.  

 

Léo disse que não conheceu o programa Praia Acessível da prefeitura de Caraguá. Segundo ele, a iniciativa é válida, mas o uso de esteiras e banheiros acessíveis devem ser obrigatórios  em todas as praias.

 

“O cadeirante tem que ir à praia que gostaria de ir e,  não se limitar a ir na praia, onde existe um programa de acessibilidade. Todas as praias devem ser acessíveis”, finalizou.

 

Segundo Dário Garcia, da Apedel(Associação das Pessoas Com Deficiência do Litoral Norte), os cadeirantes possuem muitas dificuldades para frequentar as praias da região por falta de acessibilidade na areia, nos quiosques e nos banheiros.

 

“Eu, como cadeirante, não frequento as praias de Caraguá. O único quiosque com banheiro acessível é o do Quiosque 38”. É uma triste realidade”, afirmou.

 

Dignidade

Rubens: “As prefeituras precisam garantir a acessibilidade em todas as praias. É uma questão de dignidade e respeito com idosos e cadeirantes”

O administrador Rubens Tamar, de 80 anos, sofre de Parkinson e operou o fêmur, precisa da ajuda de três pessoas para ir até um quiosque da Tabatinga em Caraguá, onde possui casa de veraneio há 30 anos.

 

“Entrar na água tem sido impossível. É muita falta de respeito com os idosos, enfermos e cadeirantes. As prefeituras deveriam oferecer acessibilidade em todas as praias. A população de idosos, cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida cresce ano a ano”, justificou.

 

Rubens disse que nos países europeus que frequenta isso não ocorre. Eles respeitam muito as pessoas com deficiência. Na Itália, Espanha e França não encontro as dificuldades que encontro por aqui para ira à praia. Lá, pessoas como eu, podem frequentar as praias com muito mais dignidade”, afirmou.

 

Praia Acessível

 

Em Caraguá, São Sebastião e Ilhabela existe o Programa Praia Acessível para pessoas com mobilidade reduzida, paralisia cerebral, tetraplegia, idosos e vítimas com sequelas de AVC (acidente vascular-cerebral).

Em Caraguá, além do banho assistido por monitores em cadeiras anfíbias, o projeto também oferece: vôlei sentado/adaptado, surf adaptado, handbikes, bicicleta dupla, frescobol adaptado, dominó, peteca e xadrez, damas, aula de alongamento e dança.

O programa acontece na Praia do Centro, perto da pista de skate, das 8h30 às 16h30. Em algumas ocasiões, o programa também é oferecido na Prainha.

Em Ilhabela, segundo a prefeitura, o programa Praia Acessível, oferece duas cadeiras anfíbias, disponíveis: uma na praia Ilha das Cabras e uma na Armação. Outras cadeiras estão em manutenção e, em breve, também poderão ser utilizadas.

 

No município de São Sebastião, o programa vem sendo desenvolvido aos finais de semana no Balneário dos Trabalhadores (Praia Grande), na Região Central, por conta da estrutura que o local oferece, com banheiros e chuveiros. Já, na Costa Sul, com formato itinerante, atende as praias de Boiçucanga, Camburí, Praia da Baleia e Juquehy.   

 

Em São Sebastião, no verão, o horário de atendimento do programa Praia Acessível é das 9h às 17h, de terça a domingo. Em. Ubatuba, segundo a prefeitura, não tem o programa Praia Acessível.

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