Meio Ambiente

VI Festival da Mata Atlântica Movimenta Ubatuba

Tamoios News
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‘Meninas Klink”, Laura e Marina fazem palestra divertida sobre aventuras na Antártica

Por João Pedro Néia

Quem conseguiu emendar o feriado de Corpus Christi foi presenteado com um dia especial em Ubatuba. A sexta-feira, 5, foi um lampejo, um vislumbre do que a cidade poderia ser se o potencial turístico já tivesse alcançado o patamar que merece, e deve, ter.

Desde a Praça de Eventos, na Av. Iperoig, que se enfeita de flores para a 8a edição do Festival de Cultura Japonesa, até a Praça da Baleia, onde foi montada a tenda do VI Festival da Mata Atlântica, o que se viu foi animador. Uma ótima forma de uso do espaço público da cidade.

Por toda a orla que vai do centro ao Itaguá, centenas de pessoas aproveitaram para correr ou pedalar. Os turistas a passeio lotaram os restaurantes e aproveitaram para fotografar o centro histórico. A pista de skate ficou cheia de futuros talentos. O clima era o melhor possível.

Na estrutura montada na Praça da Baleia para o festival da mata atlântica, uma grande variedade de atrações voltadas à causa ambiental, como as barracas do Gengibre e do projeto Observação de Aves. Destaque para a tenda do SUP Ecológico, projeto do artista plástico Marcelo Salada que recolhe garrafas PET descartadas na natureza e constroi pranchas sustentáveis para a prática de Stand Up Paddle. A curiosidade dos visitantes em relação ao projeto é enorme, e a equipe passou o dia inteiro explicando o processo de construção das pranchas e contando um pouco sobre a história do SUP Ecológico.

Às 17h foi a vez da palestra com as “meninas Klink”, na realidade um bate-papo informal em que as filhas do maior velejador da história do país, Amyr Klink, compartilharam com o público as experiências das 7 viagens que fizeram de barco à Antártica.

Laura e Tamara, 17, e Marina, 15, têm realizado palestras entusiasmadas, em que narram as aventuras e os perigos das viagens. Ontem, em Ubatuba, o trio estava desfalcado de Tamara. Mas as simpáticas Laura e Marina tiraram boas risadas do público em uma apresentação que durou quase 1 hora.

Laura começou citando o lendário barco Paratii 2, veleiro usado por Amyr Klink para realizar sua segunda volta ao mundo, cumprida em 76 dias.

Laura e Marina cresceram vendo de perto a construção do barco, o que fez brotar nas crianças o sentimento de aventura e o interesse pelo mar. “O estaleiro era o nosso parque de diversões”, disse Laura. Sobre o Paratii 2, o veleiro serviu também de tema para o livro Linha D’água, o quinto de Amyr Klink, publicado em 2006.

As experiências das irmãs na Antártica parecem filme de aventura adolescente. Envolvem encontros com animais marinhos e icebergs gigantes, temperaturas congelantes e tesouros escondidos.

Para embarcar na expedição rumo à Antártica, as três irmãs foram obrigadas, desde muito cedo, a lidar com a ausência na escola.
“A escola fez uma proposta para que a gente usasse a viagem como uma espécie de estudo do meio ambiente”, diz Laura. As lições eram feitas no barco. “No final da viagem, a gente fez uma apresentação para os alunos pra mostrar o que aprendemos”, completou.

A partir daí nasceu a ideia das palestras, que já somam mais de 130 por todo o Brasil.

Marina lembra que organização e disciplina em alto mar são fundamentais. “Na Antártica não tem supermercado e padaria. Então tem que programar bem o que você vai levar. Ajudar a cozinhar e limpar. Desorganização atrapalha muito a convivência no barco”, diz.

Segundo ela, a água é uma das maiores dificuldades numa expedição com essa. “A única água disponível na Antártica é congelada, então pra descongelar demora muito, e dá muito pouca água. Toda água que a gente pode a gente economiza. Banho só uma vez por semana”, diz Marina.

A água da semana era reservada numa panela. “Só tinha banho quando não tinha pipoca, porque a panela era a mesma”, brincou Marina, arrancando risos da plateia de cerca de 50 pessoas.

Riscos

Marina narrou um episódio em que algumas crianças brincavam em uma geleira, quando caíram numa espécie de “escorregador de neve”. Conseguiram frear a tempo e por muito pouco não despencaram de um precipício. “Foi um dos momentos mais perigosos de todas as viagens que fizemos”, disse Marina.

Velejar por uma região inóspita como a Antártica não é tarefa fácil. Mas é recompensada pela oportunidade de ver de perto colônias de pinguins, aves marinhas, focas de várias espécies e outras realidades que a imensa maioria das crianças sequer imagina.

A única lamentação das irmãs foi nunca ter encontrado uma baleia azul, o maior animal do planeta, que pode ultrapassar os 30 metros.
“Se a gente for comparar com os dinossauros, elas são maiores. Se você subir no décimo primeiro andar de um prédio e olhar pra baixo, esse é o tamanho dela”, explica Laura.

No final da palestra, as irmãs mostraram fotos de animais vítimas do lixo descartado no mar e alertaram para a necessidade de cuidar do meio ambiente. A chave para respeitar a natureza, segundo Laura, é o conhecimento.

tartarugas meio ed

“Não precisa ser na Antártica, pode ser perto de casa, no próprio quintal. Mas a gente acaba vendo que é responsável por tudo que vamos deixar para as futuras gerações. O assunto sustentabilidade é muito importante. Quando a gente procura saber, a gente vê o peso das nossas ações”, disse Laura.

Em 2010, as palestras das irmãs viraram o livro “Férias na Antártica”, da Editora Grão, escrito com base nos diários e anotações feitos pelas meninas durante as viagens.

VI FeMA chega ao fim com saldo mais do que positivo

O sábado, 6, começou com o mutirão de limpeza do mar e a soltura de tartarugas marinhas na praia do Itaguá, em frente à tenda montada para o festival. Um bom público participou do evento, que contou com a presença dos secretários de Turismo, João Corbisier, e de Meio Ambiente, Juan Blanco Prada.

O VI Festival da Mata Atlântica, Florestas, Rios e Mares termina amanhã e cumpriu um ótimo papel de educação ambiental e fomento ao turismo, comprovando seu potencial de se tornar uma marca registrada de Ubatuba nos próximos anos.

Até a noite de sexta-feira, em 10 dias de evento, cerca de 5 mil pessoas haviam passado pela atmosfera vibrante do festival.

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