No Litoral Norte, a retomada será lenta, afirmam profissionais ligados ao turismo e hotelaria
Após ser intensamente impactado pela crise do novo coronavírus, o setor de turismo começa a organizar a retomada pós-pandemia. Levantamentos feitos por diversas entidades apontam que a tendência neste ano é de que o público procure mais por destinos regionais, locais de contato com a natureza e que propiciem momentos em família.
Segundo uma das principais plataformas de hospedagem online do mundo, as reservas para viagens domésticas vêm crescendo em países como Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Coreia do Sul. De acordo com a empresa, a demanda por destinos dentro de um raio de 320 quilômetros de onde residem os usuários cresceu de cerca de um terço para mais da metade do total de reservas.
“A pandemia e o isolamento social estão mudando os hábitos das pessoas. Após esta fase, muita gente deve voltar a atenção para o seu entorno, reconectando-se com áreas próximas e com a natureza, com paisagens naturais das quais tanto se distanciaram nos últimos meses”, afirma Emerson Antonio de Oliveira, coordenador de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. “Além disso, o turismo regional tem custo mais acessível e este fator também deverá influenciar na escolha dos destinos.”
De acordo com uma pesquisa do TRVL LAB (Laboratório de Inteligência de Negócios em Viagens), o turismo regional e rodoviário será o primeiro a retomar, seguindo o comportamento das pessoas de evitarem viagens longas. Entre os destinos prediletos dos viajantes deverão estar as praias. Além de estarem evitando aglomerações e viagens de avião, os turistas também deverão preferir casas a hotéis para se hospedar.
O turismo de experiência é outra tendência para o pós-pandemia, segundo análise feita pela consultoria Lab Turismo para o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O estudo aponta que os temas saúde, família, humanização, sustentabilidade e hiperconexão darão a tônica do setor a partir de agora.
“Depois desta crise, as pessoas valorizarão mais as relações humanas. Vão querer passar momentos juntos de seus familiares e buscar saúde e bem-estar em ambientes naturais”, aponta Oliveira, ressaltando que o turismo em áreas naturais é uma das agendas estratégicas de atuação da Fundação Grupo Boticário devido ao potencial de promover desenvolvimento socioeconômico ancorado à proteção ambiental.
Ainda de acordo com a análise, a vivência com familiares e amigos será priorizada. Com isso, destinos que estimulem esse tipo de experiência tendem a ter vantagem competitiva. O estudo destaca a tendência de humanização e respeito ao meio ambiente. “A partir de agora, o viajante estará muito mais atento às possibilidades de contribuir com cada destino que visita e deixar uma marca positiva, respeitando seu ambiente e sua sociedade”, afirma o relatório.
Litoral Norte
O secretário de Turismo de Ubatuba, Potiguara do Lago, disse acreditar que o turismo regionalizado é uma das tendências do pós pandemia. As pessoas devem evitar viagens internacionais devido a alta do dólar e procurar grandes centros no norte nordeste devido ao risco de aglomerações e do vírus.
“Tudo indica que vai melhorar bastante para a gente. Os turistas devem optar por viagens mais curtas. Estão louco para irem para a praia e nós temos isso de sobra para oferecer e com muita segurança. Acredito que vamos ter bastante gente em Ubatuba a partir de 1º de julho. A prefeitura tem adotado medidas para garantir um turismo com segurança após a pandemia. Temos boas expectativas para a retomada”, disse.
O vice-presidente da Associação da Indústria Brasileira de Hotéis e Pousadas(ABIH) e diretor social da Associação de Hotéis e Pousadas de Caraguatatuba(AHP), o hoteleiro Rodrigo Tavano, acredita que o turismo somente irá ser retomado a partir de dezembro, ou seja, na próxima temporada de verão.
“Acredito que a retomada será bem lenta. É o que tem sido comentado entre as entidades e associações ligadas ao setor hoteleiro. Houve uma divulgação muito negativa pela mídia, teremos que recuperar isso com investimentos em divulgação pela prefeitura. A maioria das empresas antecipou as férias de seus funcionários durante a quarentena, esse turista não virá mais para Caraguatatuba. Teremos movimento nos fins de semana, mas o índice de ocupação na rede hoteleira deverá melhorar apenas a partir de dezembro. Será uma retomada lenta. O turista vai querer ir não apenas para um hotel que ofereça segurança no pós pandemia, mas também para as cidades que estejam controlando melhor a crise sanitária”, comentou.
A secretária de Desenvolvimento e Turismo de Ilhabela, Bianca Colepicolo, disse a expectativa é essa, mas que acredita que não será um ano fácil. Ela lembra que Ilhabela vinha num período muito bom, sem filas na travessia de balsa, bons eventos e bons atrativos. Explicou que a prefeitura vem trabalhando no sentido de uma retomada bastante segura para todos.
Segundo ela, o estudos indicam que após a pandemia os turistas vão procurar destinos como mar, praias, região serrana, locais ao ar livre, justamente, para evitar aglomerações. A prefeitura de Ilhabela vem trabalhando para atrair o turista através da campanha “Vem Depois”, mostrando que o visitante terá muita segurança em sua viagem.
“Além de todo esse trabalho, também estamos fazendo a manutenção de nossas trilhas e orientando agências e guias quanto a necessidade de se adotar os protocolos da saúde e reduzir a capacidade de pessoas nos passeios”, contou.