Especial Litoral Norte

Professora da USP diz que região deve buscar objetivos de desenvolvimento sustentável

Tamoios News
Fotos: Divulgação

Sueli Furlan considera proposta da ONU importante para garantir qualidade de vida no Litoral Norte

 

Por Leonardo Rodrigues

A professora Sueli Angelo Furlan, coordenadora de conteúdo da Atina Educação, e professora de Geografia Física da Universidade de São Paulo (USP), conversou com a reportagem do Portal Tamoios News sobre a importância para o Litoral Norte do Estado de São Paulo se engajar em uma agenda socioambiental. Ela aponta como necessária, para assegurar a qualidade de vida na região, a adesão à proposta da Organização das Nações Unidas (ONU) conhecida como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Essa agenda define metas nas políticas públicas até 2030, e traz, entre seus 17 objetivos e 169 metas, temas de meio ambiente e questões humanitárias. Eles fazem parte de um debate promovido há décadas pela organização, o que já envolveu as conferências de Estocolmo (1972), Rio de Janeiro (1992), Joanesburgo (2002) e Rio+20 (2012).


Tamoios News – O que são ODS que o Brasil e mais 192 países se comprometeram a cumprir até 2030?
Sueli – É uma sigla que quer dizer Objetivo Desenvolvimento Sustentável. É uma proposta da ONU, que tem por meta torna o mundo mais inclusivo. As ODS’s vem em edições a cada década, em que a ONU vem propor a resolução de seus problemas. É uma identificação de 17 objetivos, que o mundo deve procurar resolver. Como a fome, a inclusão na educação, as questões ambientais – como a degradação de ecossistemas, mudanças climáticas, a qualidade da água, entre outros. Não são novidades, mas uma forma de propor através de uma formulação precisa de onde devemos chegar até 2030.

TN – Qual o papel de cada um para atingir esses objetivos?
Sueli – São objetivos amplos e não dirigidos exatamente para um sujeito. São pensados para coletivos sociais. Até porque muito deles não há a possibilidade de alguém resolver sozinho. Por exemplo: Como eu vou erradicar a fome? Como vou acabar com a pobreza? São políticas públicas. Mas é importante perceber que em todos eles há uma dimensão que é possível ser pensada para o cidadão. Então não posso mudar a política para acabar com a fome, mas posso evitar o desperdício de comida. Então você tem desdobramentos nas ODS’s que estão nas atitudes, e elas colaboram com o objetivo geral.

TN – A proposta é uma agenda para o futuro. O que se espera para 2030?
Sueli – Essas datas são simbólicas. A gente poderia chegar nelas antes. Algumas delas se pode chegar antes. É um deadline. Um ponto de chegada em que vai ser feita a avaliação. O mais importante é pensar em como vou construir esse percurso. Talvez, se a gente chegar bem próximo de todas elas, já teríamos um ganho enorme. Se reduzirmos o número das milhões de crianças que estão fora da escola no mundo todo, chegar a 90% disso já é um ganho. Mas o mais importante é pensar em como chegar. Precisamos construir percursos.

TN –  Qual a relevância desta agenda para o futuro do Litoral Norte de São Paulo?
Sueli – O Litoral Norte tem questões que estão dentro desses objetivos. Por exemplo a questão de moradias em lugares de risco. A moradia é um aspecto da exclusão social. Então um planejamento urbano, planejamento da habitação social, as opções de desenvolvimento do município, a destinação de recursos orçamentários para resolver esses problemas são atitudes que diz mais respeito ao Poder Público que deve percorrer para atingir a meta. Do ponto de vista da sociedade, pensando no morador da região, pode-se melhoras “as ODS’s de casa”. Quais os objetivos que posso fazer na minha casa, no meu bairro? Em relação a fome, a inclusão o que é que eu posso fazer? Tem muitos aspectos que são da vida, por exemplo ser mais tolerante com os deficientes, valorizar o conhecimento local nas aprendizagens. Tudo isso pode ser aspectos dessa agenda de escala local. Mas é preciso fazer essa agenda. Assim como, lá na Rio 92 fizemos a Agenda 21, porque era o começo do século 20, é como fazer uma agenda, tem que ter uma agenda 20/30. Não só as ODS’s.

TN – Quem pode e deve liderar este movimento localmente, em cada município?
Sueli – Particularmente acredito que não há um único sujeito responsável. Você tem o Poder Público, obviamente, mas tem organizações não governamentais, que pode também ter o Terceiro Setor atuando de forma importante para atingir essas metas. Quando eu falo de Terceiro Setor não falo somente de ONG’s ambientalistas, mas estou falando de associações de bairro, por exemplo. Em um outro campo, há ainda o universo escolar – que é muito importante. Voltar ter aquela agitação das agremiações escolares. Os estudantes exercitando nas escolas decisões que são do seu dia a dia, eles têm um papel importantíssimo na construção de uma forma de atuar. Então os grêmios, as assembléias de escola, as reuniões com a comunidade – práticas e locais, que possam envolver decisões em conjunto – escola, alunos e comunidade, tudo isso são processos que vão liderar as transformações importantes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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