Foram instalados na região, um equipamento, uma espécie de sensor, que vai identificar a formação de raios nos municípios, antes dele cair em um determinado local. O aparelho está sendo instalado em Caraguatatuba, Ubatuba e São Sebastião. Trata-se de um equipamento muito importante pois a incidência de raios aumenta muito na região durante o verão. Litoral Norte já registrou mortes por descarga elétrica
Por Salim Burihan
O Centro de Ciência do Sistema Terrestre e Grupo de Eletricidade Atmosférica, ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de Cachoeira Paulista, instala os sensores na sede da Policia Ambiental, na Martim de Sá, em Caraguá; na sede da defesa civil, na Praia Grande, em São Sebastião; e, em Ubatuba.
Técnicos instalam equipamento em Caraguá
Em São Sebastião, equipamento foi instalado na sede da Defesa Civil, na Praia grande
A previsão é que os sensores entrem em operação neste domingo, dia 1º, e funcionem até o início de abril de 2020, quando encerra o verão.
Esse experimento é inédito no Litoral Paulista e a importância desse instrumento em área litorânea é porque a densidade de raios no litoral, apesar de ser menor (5 descargas por km2 ao ano) do que no interior (10 ou mais descargas por km2 ao ano) é mais letal porque as pessoas estão mais expostas na praia.
O professor e coordenador da pesquisa, Dr. Flávio de Carvalho Magina, que fez a instalação juntamente com o técnico em eletrônica do Inpe, Antônio Carlos Barbosa, e auxiliado por agente da Defesa Civil de Caraguatatuba, explica que por conta desse ineditismo, todos os dados serão coletados e se houver necessidades o modelo será adequado.
Ainda conforme ele, o instrumento possui sensores que identificam o comportamento da atividade atmosférica que pode virar descarga elétrica e envia as informações, via email, para os órgãos cadastrados.
De posse desses dados, a Defesa Civil do Estado envia o alerta, por SMS, para celulares cadastrados sobre a possibilidade de quedas de raios em uma área de até 20 quilômetros e as orientações.
Todo esse processo, entre a informação da formação de raios, envio dos alertas e saída das pessoas de locais de risco leva em torno de 15 minutos. “É tempo suficiente para se evitar uma tragédia”, diz o vice-prefeito e coordenador municipal da Defesa Civil, capitão Campos Junior.
“Independente disso, ele faz leitura a cada um segundo e envia informações para a base a cada cinco minutos, com destaque caso a atividade atmosférica seja mais intensa”, complementa o coordenador.
O equipamento vai ser usado durante todo o Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC) decretado pelo município, que vai de 1º de dezembro de 2019 a 31 de março de 2020.
Quem quiser receber mensagens de alerta da Defesa Civil pode se cadastrar no número 40199, lembrando de informar o CEP da sua cidade.
Importante
O equipamento que está sendo instalado será de grande importância e poderá, inclusive, salvar vidas. A incidência de raios na região aumentou muito, principalmente, nos meses de verão.
Entre os meses de dezembro e janeiro é comum o aumento da incidência de raios no Litoral Norte. Os técnicos dos Elat suspeitam que o aumento na incidência esteja ligada ao fenômeno “El Niño”, ou seja, ao aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico.
A região tem registros de mortes causada por raios. Em janeiro de 98, a adolescente Natalie Cafaffo Domingues, 12 anos, morreu após ser atingida por um raio na praia de Boracéia, a 60 quilômetros do centro de São Sebastião. Ela chegou a ser levada ao pronto-socorro de Bertioga (SP), mas chegou morta.
Em fevereiro de 2001 o surfista Victor Hugo de Souza, 14 anos, morreu após ter sido atingido por um raio, na praia de Itamambuca, costa norte de Ubatuba.
O coordenador do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Osmar Pinto Júnior, contou na ocasião, sobre a morte do surfista à beira mar, que a água salgada é um potente condutor de eletricidade.
“Isso significa que as pessoas devem evitar o mar em casos de ocorrências de raios.”, comentou. Segundo Pinto Júnior, se a ação do raio no solo é de cerca de 100 metros, quando ele atinge a água do mar sua atuação passa a ser de até 5 quilômetros. A recomendação é que as pessoas se abriguem em carros e casas até o final da tempestade.
Em 2009, na Fazenda Serramar, em Caraguá, também uma pessoa morreu atingida por um raio. Em janeiro daquele ano um raio atingiu dois trabalhadores da fazenda, durante um temporal. Otílio Pereira da Silva de 55 anos, sobreviveu, mas seu colega Vanderley Oliveira, de 36 , não teria resistido aos ferimentos e morreu.
Em 2015, foi registrada a morte do lavrador Flávio César Alves de Carvalho, de 44 anos, de Ubatuba. Ele trabalhava em uma fazenda do bairro Monte Valério, em Ubatuba e foi atingido por uma descarga elétrica quando caminhava no meio do mato. O corpo dele foi encontrado com diversas queimaduras pelo corpo. O IC(Instituto de Criminalística) esteve no local onde o corpo foi localizado e o IML(Instituto Médico Legal) apurou que Flávio morreu devido a uma parada cardiorrespiratória causada por uma ação de agente físico eletrocussão.
Em janeiro deste ano, em Ilhabela, um adolescente de 17 anos morreu após ser atingido por um raio no Pico do Baepi, um dos pontos mais altos da cidade. Outro jovem da mesma idade que estava com a vítima também foi atingido pelo raio e chegou a ficar desacordado, porém conseguiu recobrar a consciência e pedir socorro. Foi salvo pelo Corpo de Bombeiros.
Equipe de resgate esteve no Pico do Baepi para resgatar jovens
Curiosidades
Raio e relâmpago são praticamente sinônimos. Segundo alguns dicionários, a diferença entre os dois está no fato de que o raio é apenas o clarão proveniente da descarga elétrica entre uma nuvem e a terra, enquanto o relâmpago é, também, a descarga entre duas nuvens. Já o trovão é o estrondo produzido pelas descargas elétricas atmosféricas.
Raio é uma corrente elétrica muito intensa que ocorre na atmosfera com típica duração de meio segundo e típica trajetória com comprimento de 5-10 quilômetros. Ele é conseqüência do rápido movimento de elétrons de um lugar para outro. Os elétrons movem-se tão rápido que eles fazem o ar ao seu redor iluminar-se, resultando em um clarão, e aquecer-se, resultando em um som (trovão).
Relâmpagos ou raios podem ser perigosos. A chance de uma pessoa ser atingida por um relâmpago é algo em torno de um para um milhão. Entretanto, a maioria das mortes e ferimentos não é devido à incidência direta e sim a efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos relâmpagos.
A corrente do relâmpago pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, através de aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas. A extensão dos danos depende da intensidade da corrente, das partes do corpo afetadas, condições físicas da vítima e condições específicas do incidente.
Cerca de 20 a 30% das vítimas de relâmpagos morrem, a maioria delas por parada cardíaca e respiratória, e cerca de 70 % dos sobreviventes sofrem por um longo tempo de sérias seqüelas psicológicas e orgânicas. As seqüelas mais comuns são diminuição ou perda de memória, diminuição da capacidade de concentração e distúrbios do sono. No Brasil é estimado que cerca de 100 pessoas morrem por ano atingidas por relâmpagos.
Prevenção
-Entre num carro com capota de metal e ali permaneça. Os pneus do carro funcionam como isolantes.
-Evite lugares descampados (praias, campos de futebol etc).
-Os raios normalmente procuram pontos mais altos e, nesses lugares,sua cabeça pode ser o alvo. Se estiver em campo aberto, permaneça agachado. Não se deite no solo, pois a terra úmida é condutora de eletricidade.
-Se estiver dentro da água, saia. Não permaneça na praia.
-Se estiver em campo aberto, permaneça agachado. Não se deite no solo, pois a terra úmida é condutora de eletricidade.
-Nas tempestades, evite o mar e as piscinas. Não utilize o celular ou qualquer aparelho de radiocomunicação durante uma tempestade.
-Fique longe de torneiras e canos, pois quaisquer desses objetos podem conduzir eletricidade. Não use o telefone, exceto em caso de emergência.